Acordo entre UE e Canadá sofre revés
18 de outubro de 2016O controverso Acordo Integral de Economia e Comércio (Ceta, na sigla em inglês) entre a União Europeia (UE) e o Canadá sofreu nesta terça-feira (18/10) um inesperado revés, após um Parlamento regional na Bélgica rejeitar o texto do tratado, impossibilitando sua aprovação em âmbito nacional.
O Parlamento da Valônia, uma das sete assembleias legislativas belgas cujo aval é necessário para a retificação do acordo pela Bélgica, aprovou por ampla maioria uma resolução exigindo que seu ministro-presidente, o socialista Paul Magnette, não autorize a assinatura do acordo por parte de Bruxelas.
"O governo federal e a Bélgica não vão assinar o Ceta no dia 18 de outubro", disse Magnette, se referindo à data da reunião dos ministros europeus em Luxemburgo, onde o acordo deveria ser adotado pela UE.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau tem viagem marcada para Bruxelas na próxima semana, onde iria assinar o acordo juntamente com outros líderes europeus.
"Não vejo isso como um funeral [do acordo], mas como uma exigência para reabrir as negociações", afirmou o socialista. Nos últimos dias, Magnette entrou em contato com líderes europeus, como o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente francês, François Hollande para propor mudanças no texto.
A Valônia, com quatro milhões de habitantes, é uma das três regiões da Bélgica, além de Flandres e Bruxelas. A indústria local sofre há anos os efeitos da globalização, como, recentemente, o fechamento da fábrica americana de máquinas de construção Caterpillar, em Charleroi.
Na semana passada, os nacionalistas da Nova Aliança Flamenga, o maior partido de Flandres, acusaram os socialistas da Valônia de ameaçarem os interesses comerciais de sua região. O chefe da diplomacia belga, Didier Reynders, chegou a falar no risco de isolamento da Bélgica.
O acordo Ceta, que visa eliminar 98% das tarifas entre o Canadá e os países europeus, é visto por muitos como um modelo para o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) entre UE e os Estados Unidos.
Seus defensores dizem que ele vai reforçar o crescimento econômico e gerar empregos, enquanto os críticos temem uma redução dos padrões europeus em áreas como o trabalho, direitos dos consumidores e proteção ambiental.
RC/lusa/dpa