Aeham Ahmad, o pianista das ruínas sírias
28 de outubro de 2015A imagem do artista sentado ao piano em meio a Damasco bombardeada rodou o mundo. Reportagens de TV sobre o jovem palestino podem ser vistas no YouTube. Aeham tocou e cantou para os atingidos por desesperança e miséria.
A coragem do pianista comoveu as pessoas, pois ele deu um rosto e um sinal de esperança ao sofrimento na Síria. Então, o "Estado Islâmico" (EI) passou a ameaçá-lo, juntamente com a família. Para os radicais islâmicos, música é considerada haram, ou seja, impura. Aeham teve de fugir.
Yarmouk, o bairro de Damasco onde o pianista nasceu, foi devastado por bombardeios. Muitos prédios foram reduzidos a estruturas de concreto, e ruas desapareceram sob os escombros dos edifícios destruídos. No começo de abril, o EI assumiu o controle sobre a área.
Um dos terroristas incendiou o piano de Aeham. O artista havia pintado o instrumento, antes branco, de vermelho e verde, as cores dos palestinos. Um antigo vídeo do YouTube mostra-o tocando para crianças, que o acompanham cantando.
Os dois filhos, Kinan e Ahmad, e a esposa de Aeham ficaram na Síria. Ele quer trazê-los para a Alemanha o mais rápido possível. O pianista fotografou e filmou com o celular todos os passos de sua dispendiosa fuga para o país europeu, passando pela Turquia e a Áustria.
A coragem de Aeham e a escolha de sua forma de expressão chamaram a atenção da mídia. Um refugiado que toma o destino nas próprias mãos, que quer demonstrar que a arte e a cultura podem vencer o mal? O jovem pianista da Síria personifica essa mensagem, e a história dele ganhou destaque em meios de comunicação europeus.
Aeham estudou música no conservatório de Damasco, onde praticou Chopin, Beethoven, Mozart. Mais tarde, ele cursou a Faculdade de Música de Homs, na Síria. Embora viva agora num abrigo de refugiados em Munique, ele continua a fazer apresentações, como recentemente no grande concerto beneficente Nós. Vozes para pessoas que fugiram.
Em Bonn, Aeham vai receber agora a sua primeira homenagem. Uma iniciativa de músicos escolheu seu nome para o Prêmio Beethoven Internacional pelos Direitos Humanos, Paz, Liberdade, Combate à Pobreza e Inclusão.