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AfD é acusada de financiamento ilegal de campanha

11 de novembro de 2018

Partido recebeu 130 mil euros de empresa da Suíça, o que é proibido pela legislação alemã, durante a eleição de 2017. Doação teve como destino campanha de Alice Weidel e foi devolvida, mostram extratos bancários.

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Alice Weidel no Bundestag
Weidel disse que ficou sabendo da doação em setembro de 2017Foto: Reuters/H. Hanschke

O partido populista Alternativa para a Alemanha (AfD) recebeu, entre julho e setembro de 2017, várias doações no valor total de cerca de 130 mil euros provenientes da Suíça, o que pode configurar financiamento ilegal de campanha, afirmou neste domingo (11/11) o jornal Süddeutsche Zeitung e as emissoras NDR e WDR.

As doações foram enviadas por uma empresa farmacêutica com sede em Zurique. O dinheiro foi depositado em 18 parcelas, a maioria de cerca de 9 mil francos suíços, na conta corrente da sede regional da AfD do Lago de Constança, no sul da Alemanha.

As parcelas foram depositadas com a observação "Doação de campanha Alice Weidel", como mostram extratos bancários mencionados pelo Süddeutsche e pela WDR e NDR.

Weidel reside nas proximidades do Lago de Constança, perto da fronteira da Alemanha com a Suíça, e concorreu ao Parlamento por esse distrito. Ela liderou, ao lado de Alexander Gauland, a campanha eleitoral da AfD para o Bundestag (Parlamento alemão), em 2017, e hoje é co-líder da bancada.

Pela legislação alemã, um partido deve informar imediatamente as autoridades quando recebe doações acima de 50 mil euros. Os depósitos parcelados dão a impressão de que se estava tentando burlar essa regra. Além disso, doações de fora da União Europeia somente só permitidas se forem feitas por cidadãos alemães.

Se for comprovado que se trata de uma doação ilegal, a AfD poderá ser punida com uma multa. "Trata-se, sem qualquer dúvida, de uma doação ilegal, pois ela provém de fora da UE", comentou o especialista em direito partidário Martin Morlok.

E-mails internos mostram que a tesoureira do distrito havia informado o tesoureiro estadual sobre a doação e perguntado a eles como proceder. Ela não obteve resposta. "Um doador da Suíça apoia Alice semanalmente com vários milhares de francos. O que devemos ter em conta?", diz um e-mail.

O tesoureiro estadual, Frank Kral, afirmou não ter qualquer evidência, à época, de que se tratasse de uma doação ilegal. "Eu parti do princípio de que, por trás da empresa, estivesse um alemão."

Weidel disse que ficou sabendo da doação em setembro de 2017. "A doação não foi feita para a minha pessoa. Eu fui informada pela tesoureira do nosso distrito às margens de um evento de campanha, em setembro de 2017", declarou Weidel. Ela disse ter confiado que a tesoureira saberia como proceder da forma correta com a doação e acrescentou não ter qualquer informação sobre os motivos da empresa ou seus donos.

Weidel disse ainda ter defendido que a doação fosse devolvida. Extratos bancários mostram que a AfD devolveu o dinheiro em abril de 2018, mais de seis meses depois de tê-lo recebido.

Morlok afirmou que esse procedimento é incorreto: doações ilegais devem ser devolvidas imediatamente ou, se forem percebidas apenas mais tarde, repassadas ao Bundestag e não ao doador. A devolução após seis meses pode caracterizar empréstimo ilegal.

O presidente regional da AfD no estado de Baden-Württemberg, Ralf Özkara, disse que ainda não recebeu a prestação de contas da sede distrital do Lago de Constança e, assim, não estava a par da situação.

"Se for confirmado que a senhora Weidel sabia disso, ela deve, na minha opinião, assumir a responsabilidade principal. E se for confirmado que se trata de financiamento ilegal de campanha, espero que ela renuncie a todos os cargos que ocupa", declarou.

AS/ots

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