Guerra
13 de janeiro de 2010Os confrontos armados no Afeganistão nunca fizeram tantas mortes como em 2009. No ano passado, foram registrados 2.412 mortos, número recorde desde a queda do Talibã, em 2001. Em 2008, foram contabilizadas 2118 mortes de civis. As informações foram divulgadas num relatório das Nações Unidas nesta quarta-feira (13/01).
E as tropas internacionais também sofreram a maior baixa já registrada: foram 520 mortes de soldados no ano passado, quase o dobro de 2008, quando foram contabilizadas 295.
Segundo o relatório da ONU, as mortes de civis teriam sido causadas, em sua maioria, por ataques de insurgentes talibãs – o equivalente a 70% do total. A força militar afegã, incluindo soldados norte-americanos e tropas da Otan, seria responsável por 25% das mortes, um índice menor que o de 45% registrado em 2008.
Quase metade das mortes registradas ocorreram no sul país, região onde há maior concentração de insurgentes. O restante teria acontecido nas regiões leste e central do Afeganistão, aponta o relatório. Na avaliação da ONU, o conflito teria alcançado áreas que, até então, eram consideradas pacíficas.
Causas
Para Aleem Siddique, porta-voz da ONU em Cabul, a redução no número de mortes provocadas pela forças militares se deve à reestruturação das tropas, cujo o foco agora é garantir a segurança dos afegãos.
Mas alguns fatos recentes da guerra no Afeganistão colocam esse posicionamento em cheque. Pouco depois de o general norte-americano Stanley McChrystal, comandante das operações no território afegão, ter declarado que a missão visava a proteger os civis – e não matar talibãs – um ataque aéreo comandado por alemães em Kunduz fez inúmeras mortos, inclusive entre a popualação. Segundo Siddique, a ONU não dispõe do número exato das mortes causadas pelo bombardeio ordenado por militares alemães.
O aumento no número de mortes de civis também é um problema para o presidente afegão Hamid Karzai, já que isso questiona a capacidade do governo de proteger os cidadãos. Por outro lado, o porta-voz da ONU diz que a ação dos insurgentes talibãs não busca ganhar respeito entre civis, pois envolve ataques suicidas e também vitima mulheres e crianças.
NP/DW/afp
Revisão: Simone Lopes