Agosto registra 2ª maior marca de desmatamento na Amazônia
9 de setembro de 2022Agosto registrou um expressivo aumento no desmatamento na Amazônia. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira (09/09), 1.661 km² de floresta foram destruídos somente no último mês, o que caracteriza um aumento de 81% em relação ao mesmo período do ano passado.
O resultado indica que esse foi o segundo pior agosto de toda a série histórica, que começou oficialmente em 2004, mas ganhou novos parâmetros de medições a partir de 2015, quando sofreu um aperfeiçoamento nos sensores. Os dados são coletados pelo Deter, programa do Inpe que atua na fiscalização e em alertas de desmatamento.
Nas estatísticas do Inpe, o mês passado fica atrás somente de agosto de 2019, quando 1.714 km² de florestas foram devastados. Em 2021, por exemplo, foram 918 km² destruídos. Contando a partir de 2015, o ano de 2017 foi o que menos sofreu com o desmatamento, tendo 278 km² afetados.
Em 17 de agosto, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) já havia divulgado que a região da Amazônia Legal registrou o maior índice de desmatamento em 15 anos, contando os 12 meses anteriores, entre agosto de 2021 e julho de 2022.
Nesse período, foram derrubados 10.781 quilômetros quadrados de floresta, o equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo e 3% a mais do que nos 12 meses diretamente anteriores (entre 2020 e 2021).
A Amazônia Legal é um conceito criado na década de 1950 para promover uma agenda de desenvolvimento para a região. Sua delimitação não é baseada exclusivamente na vegetação, mas inclui conceitos geopolíticos. Por isso, além da Floresta Amazônica, há uma parte do Cerrado e do Pantanal em seu mapa.
Segundo dados atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Amazônia Legal tem uma área de 5,2 milhões de km², o que corresponde a 59% do território brasileiro. Ela engloba os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima,Tocantins e parte do Maranhão, onde vivem atualmente cerca de 28 milhões de pessoas.
Queimadas também preocupam na região
Além do desmatamento, as queimadas são outro problema grave na Amazônia. O último mês de agosto foi, desde 2010, o pior nesse quesito, com 33.116 focos. O número de focos de calor medidos pelos satélites do Inpe entre 1º e 31 de agosto foi cerca de 25,9% superior à média registrada pelo instituto para o mês desde 1998 (26.299 focos).
Nos quatro anos de governo do presidente Jair Bolsonaro, o número de queimadas em agosto sempre superou o patamar de 28 mil, sendo a marca deste ano a mais alta.
Os dados de 2022 superam inclusive os registros de agosto de 2019 (30.900 focos), quando imagens dos incêndios na Amazônia circularam pelo mundo e geraram forte pressão internacional contra o governo brasileiro.
E a expectativa não é nada boa para setembro: de acordo com dados do Inpe, a situação do fogo neste mês já é mais crítica do que no mesmo período de 2021. Atualizadas diariamente, as estatísticas apontam mais de 20 mil focos de incêndio em oito dias, mais do que todo o mês de setembro do ano passado.
Em nota ao jornal Folha de São Paulo, o secretário-executivo do Observatório do Clima, uma rede que agrupa diversas entidades socioambientais, mostrou extrema preocupação com as políticas do atual governo federal para o futuro da região.
"Bolsonaro pode sair do governo, mas deixa de herança para seu sucessor uma crise ambiental na Amazônia como não se via desde os anos 1990 e uma crise social sem precedentes. O crime organizado dominou a região, e a liberação de armas para civis torna muito mais perigosa a tarefa de retomar a fiscalização e o controle do desmatamento", afirma Marcio Astrini.
gb (ots)