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Agência de rating S&P prevê continuidade econômica com Lula

6 de novembro de 2022

Segundo Standard & Poor's, políticas econômicas do governo anterior trouxeram aumento do investimento privado no Brasil. Revertê-las custaria caro ao presidente eleito. E falta ao PT a maioria necessária no Congresso.

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Presidente Lula fala ao microfone
Standard & Poor's: "Tendência de crescimento do Brasil está estimada em 1,8% entre 2022 e 2024"Foto: Carla Carniel/REUTERS

Em nota a seus investidores, a agência de notação financeira Standard & Poor's Global Ratings estima que o presidente eleito do Brasil,Luiz Inácio Lula da Silva, não deverá reverter as principais reformas econômicas que levaram a um aumento do investimento privado nos últimos anos.

"A maior parte das revisões regulamentares e o enquadramento para as concessões não foram emendas constitucionais, mas revertê-las por completo implicaria uma maioria simples no Congresso, de que o Partidos dos Trabalhadores (PT) não dispõe", apontaram os analistas da agência de rating  numa nota sobre o que esperar do próximo governo brasileiro divulgada neste domingo (06/10).

"Devido a sua fraquíssima capacidade para investir, acreditamos que o governo de Lula não terá incentivos para reverter completamente as mudanças promovidas pelo governo de Bolsonaro, que levaram a níveis mais elevados de investimentos do setor privado nos últimos anos."

Medidas anti-inflacionárias comprometem financiamento

Na nota enviada aos investidores, a que a agência de notícias Lusa teve acesso, a S&P salienta que não espera uma aceleração significativa no crescimento da economia brasileira, frisando, pelo contrário, que o desempenho econômico é uma principais fraquezas do ponto de vista da análise da qualidade do crédito.

Recuperação econômica com fome e inflação?

"Apesar de as âncoras institucionais serem relativamente estáveis, da estrutura econômica diversificada e de um forte setor externo, a tendência de crescimento do Brasil está estimada em 1,8% entre 2022 e 2024", diz a S&P, que reviu a previsão de crescimento do Brasil para este ano, de 0,8% para 2,5%.

"Os esforços das autoridades monetárias para conter a inflação vão resultar em condições mais adversas para o financiamento doméstico e global, o que abrandará o crescimento para 0,6% em 2023."

PIB cresce, mas abaixo da média mundial

Os analistas estimam ainda que, com novas políticas macroeconômicas e condições de financiamento mais favoráveis, o PIB pode acelerar para um crescimento de 2% em 2024 e 2025. Apesar de ser positivo face à expansão média de 0,4% entre 2012 e 2021, o índice está ainda bem abaixo da média dos mercados emergentes no nível mundial.

Em contraste, logo após ser eleito, o petista esboçou metas econômicas ambiciosas para o país, por exemplo em relação ao acordo de livre-comércio Mercosul-União Europeia.

"Queremos um comércio internacional mais justo [...] Não nos interessam acordos comerciais que condenem nosso país ao eterno papel de exportador de commodities e matéria-prima"; em vez disso, o Brasil precisa ser reindustrializado, frisou Lula em seu discurso de vitória.

Em sua coluna para a DW, às vésperas do segundo turno, o jornalista econômico Alexander Busch também se mostrava otimista: "Se o atual ambiente político explosivo voltar a se acalmar depois das eleições, o governo que assumir em 1º de janeiro terá uma boa situação econômica na largada. Só precisará saber aproveitá-la."

Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições presidenciais por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos. Ele assumirá novamente a Presidência do Brasil em 1º de janeiro de 2023, após dois mandatos entre 2003 e 2010.

av (Lusa,DW)