Ainda há tempo de escrever para o Papai Noel
6 de dezembro de 2005Com a chegada de dezembro, as crianças têm um motivo a mais para pegar papel e caneta e começar a escrever. Para tristeza dos pais, não é a tarefa da escola que elas decidem fazer por livre e espontânea vontade. Trata-se de outra atividade: a carta para o Papai Noel.
Há duas décadas, as cartas endereçadas ao "homem de barba branca" na Alemanha são recolhidas em uma pequena cidade na Renânia do Norte-Vestfália: Engelskirchen (o nome não poderia ser melhor, pois significa igreja do anjo). Lá, as missivas são lidas e os remetentes recebem uma resposta, embora a agência dos correios do lugarejo não seja responsável pela garantia do recebimento do presente.
Desejos de todo o mundo
Cartas e mais cartas. E em várias línguas. Japonês, inglês, russo, chinês e português (sim, as crianças brasileiras descobriram uma outra alternativa para pedir o presente de Natal). O trabalho dos correios começa muito antes do período natalino. Com o fim do verão europeu, os carteiros de Engelskirchen já começam a entregar quilos de papel cheios de esperança.
Quem lê as cartas? Para decepção infantil, dez donas-de-casa locais são responsáveis por fazer a leitura. Mesmo que não recebam uma resposta pessoal, os pequenos remetentes podem ter a certeza de que os pedidos são lidos. Eles recebem uma carta-padrão, onde o Menino Jesus (figura que entrega os presentes e é representada por um anjo) agradece a iniciativa, explica seu trabalho e lembra às crianças que nem sempre se consegue o que se deseja...
Tendências
Birgit Müller, uma das leitoras das cartas, sabe exatamente os brinquedos que foram lançados no ano, a partir do que recebe em sua mesa. São novas bonecas, cartuchos de videogame e bicicletas. "Mas as cartas também têm desejos de algo não-material", confessa. "Cientes da realidade de outras crianças do mundo, algumas desejam que todos tenham o que comer e o que vestir", explica Müller.
Mas não são somente crianças que decidem escrever. "Das 70 mil cartas recebidas no ano passado, uma parcela era de aposentados e presidiários", diz Birgit. A dona-de-casa ressalta que são pessoas que esperam sempre uma resposta. "Não escrevem por acreditarem no Papai Noel, mas porque ficam alegres em saber que alguém lerá suas cartas", comenta.
Outro grupo que prefere escrever para o "bom velhinho" são os apaixonados. Conforme Birgit "eles esperam receber a atenção de quem amam através da magia que acreditam que temos", conclui.
Endereço no Leste
A maior filial "natalina" do Deutsche Post (Correios Alemães) fica no Estado de Brandemburgo. E este ano está muito mais movimentada. O trabalho que acontece na cidade de Himmelpfort (porta do céu, em português) ganhou reforço. Agora é em 15 diferentes idiomas que o Papai Noel responde as cartas. As novidades são o japonês, holandês e húngaro.
Na lista dos principais remetentes do exterior estão as crianças brasileiras. No ano passado, foram 600 cartas verde-amarelas. Para evitar atrasos, os Correios contam com a ajuda de 20 funcionários "extras", que leêm as cartas e enviam uma pequena lembrança.
Todos os anos, os Correios Alemães abrem sete filiais especializadas em atender no período de Natal. Outras cidades que, também, recebem cartas com pedidos de presentes são: Himmelstadt (cidade do céu), na Baviera, e
Himmelsthür, na Baixa Saxônia, esta desde 1967. Eis os dois principais endereços:
Em Engelskirchen, escreva para o Menino Jesus:
An das Christtkind
51766 Engelskirchen
Em Himmelpfort, escreva para:
Papai Noel
21709 Himmelpfort