Airbus voando mais alto
3 de janeiro de 2003No tocante às encomendas, o consórcio europeu há muito tempo já vinha dominando a metade do mercado mundial. "Era apenas uma questão de tempo, até que isso se refletisse na produção", afirma o analista Will Mackie, do Commerzbank. A Airbus, fundada em 1970, é um consórcio de empresas da Alemanha, França, Espanha e Grã-Bretanha.
No ano que se inicia, a expectativa da Airbus é terminar 300 aeronaves nos centros de produção de Toulouse, na França, e de Hamburgo, na Alemanha. Já a rival norte-americana espera produzir entre 275 e 285 aviões em 2003, previsões que os analistas consideram demasiado otimistas.
Corte de empregos - Em 1999, o número de aviões fabricados pela Boeing ainda era superior ao dobro da produção da Airbus. Entretanto, o choque conjuntural após o 11 de setembro de 2001 trouxe graves conseqüências à empresa dos Estados Unidos. Quase 30 mil empregos foram cortados até agora, outros 5 mil deverão ser extintos em 2003.
A Airbus espera manter sua liderança também em 2004, ano para o qual as duas gigantes da aeronáutica não prevêem grandes mudanças em relação à produção de 2003. Mesmo assim, não há motivos para euforia, pois as duas juntas montarão 270 aviões a menos que em 2001.
Queda na produção - O desafiante Airbus, que ampliou a capacidade de produção aos poucos, teve melhor desempenho nesta época de crise. Após sete anos consecutivos de crescimento, registrou uma leve queda na produção, com 25 aeronaves a menos em 2002.
O baque foi maior para a rival dos EUA, que encerrou o ano com 380 unidades fabricadas, 143 a menos que no período anterior e 80 a mais que o concorrente europeu.
Uma passada de olhos na lista de encomendas confirma as expectativas. No final de novembro, o consórcio europeu ainda tinha 1470 aviões por montar, enquanto no livro da Boeing o número de encomendas era de 1179. Dos 220 novos pedidos encaminhados à norte-americana até novembro, só a companhia irlandesa Ryanair pediu 103 Boeings 737.
Para o ano que está começando, as perspectivas não são otimistas. Embora esteja havendo uma leve recuperação na Europa e na Ásia, o setor vê com preocupação o desenrolar dos acontecimentos no Iraque.