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"Alaaf" – começa o carnaval em Colônia

Alessandra Andrade7 de fevereiro de 2002

Centro da cidade recebeu multidão colorida com muita música e animação. Fantasias criativas e muita bebida garantiu a folia dos colonianos.

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Foliões no centro de ColôniaFoto: AP

Oficialmente o carnaval de Colônia iniciou-se às 11:11h desta quinta-feira (7), mas às 9h já se via filas em frente aos bares, centenas de pessoas circulando pela cidade e rostos sorridentes em fantasias coloridas. A cidade encheu-se de caras pintadas e alegria. Munidos de muita bebida, os colonianos saíram às ruas embalados por um só grito: Alaaf!

Hoje é fácil esquecer que se está na Alemanha. O inverno que escurece e emudece as pessoas passa desapercebido. O cenário que se tem é de uma imensa multidão pronta para dançar, brincar, cantar e paquerar. Apesar das músicas carnavalescas pouco se assemelharem às brasileiras, ela empolga e sabe mexer com todos os foliões.

Seguindo a tradição, o primeiro dia de carnaval é a festa das mulheres. Após receberem a chave da cidade pelas mãos do prefeito, elas dominaram Colônia. Cortando as gravatas dos homens e baixando o seu moral fizeram o que bem entenderam. Se queriam beber, roubavam do copo do rapaz, se o desejo era beijar, não tinha santo que pudesse recusar.

Dançando de braços dados, de um lado para o outro, os colonianos cantam orgulhosos: "Mãos para o céu/ venha, vamos ser felizes/ nós batemos palmas juntos e, assim, ninguém está mais sozinho". A arquibancada treme, as meninas gritam e os rapazes engrossam a voz. O carnaval está apenas começando...

Após a contagem regressiva, a festa no Mercado Velho, centro antigo de Colônia, foi aberta oficialmente. O animador virou o maestro dos foliões, os quais só esperavam pelo seu sinal para formar um coro sem treino, mas cheio de harmonia.

Liberando as fantasias

O carnaval trouxe de tudo um pouco: maionese ambulante, computador que fala, árvore que enche a cara. Nem plumas, muito menos paetês, os motivos bonitinhos não tiveram vez. O negócio era ser criativo e marcar presença, como verdadeiros guerreiros antigos, soldados da guarda real, super-homens e zorros estilizados. Vestidos de tiroleses, escoceses e suíços, os alemães pareciam ainda mais patriotas carregando suas canecas gigantes de chope. Além disso, havia um bando de animais soltos na multidão: vaca, cachorro, zebra, elefante, jacaré, urso, abelha, gorila, galinha...

Pedindo por um "beijinho de carnaval", oficiais da guarda tentavam encontrar as suas Funkenmariechen, balizas típicas desta festividade na Alemanha. Teve também um regador perdido procurando por sua flor e inúmeros vampiros sedentos por um pescocinho. O que não faltou foi pretexto para as aproximações: um golinho de cerveja aqui, uma assinatura na camisa ali, um empurrãozinho de leve.

Assim dizendo, o carnaval na Alemanha parece ser bem semelhante ao brasileiro. Porém alguns foliões contestam: "No Brasil, as pessoas dançam mais, aqui a gente se diverte mais, fica louco de verdade", disse um marinheiro. Já o pirata retruca, afirmando que "o carnaval aqui e lá é tudo a mesma coisa, só muda a fantasia. No Brasil, as fantasias são diferentes, digamos assim, bem diferentes".

Certamente os brasileiros vestem-se de forma diferente dos alemães no carnaval. Fantasias feitas com pelugens e muitos tecidos deixariam qualquer folião de língua de fora no calor de fevereiro do Brasil. Além disso, eles jamais se fantasiariam de Schumacher ou vaquinha Milka – a terra do samba tem ídolos e símbolos de sobra para recusar tais imitações. Mas com tanta folia, o diferente se torna igual e no meio da multidão até começam a surgir Ronaldinhos de camisas verde-amarelas. Algumas músicas brasileiras misturam-se com as canções populares alemãs e fazem com que cada folião lembre-se de que, no carnaval, a alegria se alcança com o coração e não com o samba no pé.