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Alckmin é denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro

23 de julho de 2020

Ministério Público aponta que ex-governador de São Paulo teria recebido mais de 10 milhões de reais em doações não declaradas da Odebrecht para campanhas eleitorais em 2010 e 2014. Tucano vem negando as acusações.

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Alckmin, de terno escuro e gravata dourada, fala em um púlpito
Irregularidades foram apontadas em campanhas de 2010 e 2014 ao Palácio dos BandeirantesFoto: Agencia Brasil/V. Campanato

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) foi denunciado nesta quinta-feira (23/07) pelo Ministério Público de São Paulo por falsidade ideológica eleitoral (caixa dois), corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele teria recebido milhões de reais em doações da Odebrecht não contabilizadas na prestação de contas de duas campanhas eleitorais.

A denúncia ocorre no âmbito de uma investigação da Operação Lava Jato iniciada pela Polícia Federal (PF) a partir de delações premiadas de executivos do Grupo Odebrecht.

Um diretor da empreiteira disse ter repassado mais de 10 milhões de reais, via caixa dois, para campanhas eleitorais de Alckmin ao governo de São Paulo. Segundo a denúncia, foram 2 milhões de reais para a campanha de 2010 e mais 9,3 milhões de reais em 2014. Em ambas ele foi eleito.

Além das delações, a denúncia se baseia em prova pericial encontrada nos sistemas de informática do Grupo Odebrecht, análise de extratos telefônicos, obtenção de conversas pelo aplicativo Skype e ligações telefônicas, bem como análise de documentos indicando a prática de cartel no Metrô de São Paulo e no Rodoanel.

A investigação tramita na Justiça Eleitoral de São Paulo. Em 2018, quando renunciou ao governo paulista para concorrer à Presidência da República, Alckmin perdeu o direito ao foro privilegiado como governador. Desde então, a investigação saiu do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Além de Alckmin, foram denunciados Marcos Antônio Monteiro, tesoureiro da campanha de 2014, o advogado Sebastião Eduardo Alves de Castro, o doleiro Alvaro José Gallies Novis, entre outras pessoas ligadas à Odebrecht.

Em nota, o diretório do PSDB de São Paulo afirmou que "reitera sua confiança na idoneidade" do ex-governador. "Em seus mais de 40 anos de vida pública, Alckmin manteve uma postura de retidão e respeito à lei sem jamais abrir mão dos princípios éticos e de seu compromisso em servir ao setor público e ao cidadão."

"Acreditamos na Justiça e temos convicção de que, ao final do processo, os fatos serão devidamente esclarecidos", completa o texto, assinado pelo presidente estadual do partido, Marco Vinholi.

Na semana passada, quando foi divulgado seu indiciamento pela PF, Alckmin disse em entrevista à CNN Brasil que não foi ouvido durante as investigações. "Quem está na vida pública tem por dever prestar contas cotidianamente", afirmou. "As minhas campanhas tanto de 2010, de 2014 e agora, em 2018, foram rigorosamente dentro da lei."

No começo do mês, a força-tarefa da Operação Lava Jato denunciou outro tucano, o senador e ex-governador de São Paulo José Serra, por lavagem de dinheiro transnacional. De acordo com a denúncia, Serra usou a influência política de seus cargos públicos entre 2006 e 2007 para receber da Odebrecht pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul. Foram cometidos crimes até 2014, afirmam os procuradores.

LE/ots

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