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Alemães debatem participação em tropa internacional no Líbano

(ca)21 de julho de 2006

Enquanto a maioria dos políticos analisa com muita cautela uma participação alemã na tropa internacional da ONU para o Líbano, o movimento para exigir um cessar-fogo imediato ganha novos adeptos em Berlim.

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Tropas das Nações Unidas podem ganhar reforço no sul do LíbanoFoto: picture-alliance / dpa

A sugestão de reforçar a presença das Nações Unidas no sul do Líbano, feita pelo secretário-geral da organização, Kofi Annan, tem sido analisada com muito cuidado pelos políticos de Berlim.

Um soldado alemão atirando num israelense, isto seria possível? O peso da história justifica a cautela com a qual os políticos vêem uma eventual participação alemã numa tropa da ONU que garanta a paz na zona-tampão entre Israel e o Líbano.

Não obstante o cuidado com questões envolvendo Israel, o movimento que exige um cessar-fogo imediato no Oriente Médio cresce na Alemanha. Isso também apesar da posição dos países membros do G8 de exigirem uma suspensão dos ataques israelenses ao Líbano, somente após a libertação dos soldados seqüestrados

Comprometida com o passado

Luftangriff, Libanon, israelischer Militärschlag
Cessar-fogo depois de cumpridas as condiçõesFoto: AP

Devido aos crimes nazistas, a participação de soldados alemães no Oriente Médio é considerada tabu, o que explica também a forma reservada como políticos de diversos partidos analisam o tema. "Primeiramente, tudo deve ser feito para que os reféns sejam libertados e para que se chegue a um cessar-fogo", comentou o ministro alemão da Defesa, Franz Josef Jung, em entrevista à rede de televisão estatal ZDF, nesta sexta-feira (21/07).

Em entrevista ao jornal Ruhr Nachrichten, o presidente do Partido Verde Reinhard Bütikofer reiterou praticamente a posição de Jung, afirmando que "agora é necessária a participação dos grandes atores internacionais. As condições para um cessar-fogo devem ser cumpridas e a futura intervenção de uma tropa internacional precisa um mandato bem mais robusto do que o dos capacetes-azuis". Bütikofer referia-se possivelmente à força de paz das Nações Unidas Unifil, liderada pelos franceses, já presente no sul do Líbano.

Segundo o Berliner Zeitung, Gert Weisskirchen, político da área de relações exteriores do Partido Social Democrata (SPD), levanta entretanto uma outra questão: "Como a Alemanha deverá reagir, se todos os outros países disserem 'sim' a uma participação na tropa internacional? Dizer 'não' já não é mais possível".

Uma posição mais clara vem do presidente do Grupo Parlamentar Alemão-Israelense, Jerzy Montag, do Partido Verde: "o estacionamento de soldados alemães pode vir a ferir bastante os sentimentos dos sobreviventes do Holocausto que ainda vivem em Israel".

Outras vozes se levantam e o debate continua

O jornal berlinense Tagespiegel vai um pouco mais além no debate da cautela governamental e comenta, em sua edição de sexta-feira (21/07), a declaração da bancada do Partido de Esquerda e de alguns políticos verdes de que o governo alemão "caiu na clandestinidade" quanto à crise no Oriente Médio.

Frank Walter Steinmeier warnt Iran Schloss Genshagen
Frank-Walter Steinmeier deverá ir ao Oriente MédioFoto: AP

Os políticos da oposição vêem a passividade do governo alemão nesta crise como forma de cooptação com o governo de Washington, que não exerce pressão sobre Israel para um cessar-fogo e negociações, esperando uma vitória israelense sobre o Hisbolá, afirma o diário berlinense. O governo se defende e afirma que a crise no Oriente Médio é bem mais "complexa", fazendo alusão à participação síria e iraniana no seqüestro dos soldados israelenses e no fornecimento dos mísseis que atingem Israel.

Por esta razão, o governo alemão procura contatar o maior número possível de representantes das forças conflitantes, sem querer assumir um papel central de intermediário. "Não temos carência de intermediários, temos carência de resultados de intermediação", afirmou um porta-voz do ministério das Relações Exteriores ao Tagesspiegel.

Uma outra porta-voz do governo confirmou, nesta sexta-feira o boato de que o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, planeja uma viagem ao Oriente Médio para os próximos dias. Da agenda constam reuniões no Egito, Israel e com o presidente palestino Mahmud Abbas. A porta-voz afirmou também que um papel independente alemão como intermediário está fora de cogitação.

Ministra quer suspensão imediata dos ataques

Mesmo contrariando a posição de Angela Merkel, parece ganhar adeptos o movimento iniciado pela ministra alemã do Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul (SPD), exigindo a suspensão imediata dos ataques israelenses ao Líbano.

Kurt Beck, presidente do Partido Social Democrata, declarou que sua facção deseja "que o cessar-fogo aconteça o mais rápido possível na região de conflito. O sofrimento da população, nas regiões israelenses, libanesas e palestinas, é insuportável. É em seu interesse que os conflitos violentos se encerrem imediatamente".

Segundo o Tagesspiegel, os políticos também estariam apoiados por uma pesquisa de opinião entre os alemães, onde foi constatado que 75% dos entrevistados consideram despropositado o procedimento israelense.