Alemães temem mais migração do que as mudanças climáticas
9 de maio de 2024A Europa tem registrado um aumento acentuado na proporção de pessoas que dizem que a redução da imigração deve ser a prioridade dos governos, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira (09/05). A Alemanha encabeça a lista dessa tendência.
Ao mesmo tempo, o estudo aponta uma queda no número de pessoas que tendem a priorizar o combate às mudanças climáticas nos mesmos países. Os dados são do think tank Alliance of Democracies Foundation, com sede na Dinamarca.
Quase metade dos alemães vê redução da migração como prioridade
Desde 2022, um número crescente de europeus vem apontando que seus governos deveriam priorizar a "redução da imigração", aumentando de pouco menos de 20% para 25%.
Enquanto isso, a preocupação com a mudança climática vem diminuindo em todo o continente.
"Em 2024, pela primeira vez, a redução da imigração é a principal prioridade para a maioria dos europeus do que o combate às mudanças climáticas", afirma o relatório.
"Em nenhum lugar essa inversão é mais marcante do que na Alemanha, que agora lidera o mundo com a maior parcela de pessoas que querem que seu governo se concentre na redução da imigração - superando todas as outras prioridades - e agora quase duas vezes mais do que o combate às mudanças climáticas", diz o relatório.
Em 2022, 25% dos alemães haviam citado a redução imigração como a principal prioridade. Na pesquisa de 2024, essa porcentagem saltou para 44% na pesquisa. Há dois anos, cerca de um terço dos alemães demonstrava mais preocupação com as mudanças climáticas. Agora, a porcentagem caiu para apenas 24%.
A redução da pobreza é a segunda prioridade apontada pelos alemães, seguida de crescimento econômico. As mudanças climáticas aparecem agora na quarta posição.
A Holanda e a França também acompanharam a Alemanha nessa tendência de enxergar a imigração como prioridade, em detrimento das mudanças climáticas.
A pesquisa foi realizada em 53 países, incluindo democracias e autocracias, que representam mais de 75% da população mundial. O levantamento examinou as atitudes em relação à democracia, às prioridades do governo e às relações internacionais.
Alerta para as democracias
Cerca de metade da população global, tanto em países democráticos como não democráticos, acha que seus governos estão agindo apenas no interesse de um pequeno grupo de pessoas. Mais uma vez, a Alemanha também foi palco de uma mudança acentuada nessa área.
"Nos últimos quatro anos, essa percepção permaneceu mais alta na América Latina, mais baixa na Ásia e tem aumentado constantemente na Europa desde 2020 - particularmente na Alemanha", aponta o relatório.
O descontentamento com o estado da democracia foi visto como "muito prevalente nos EUA, na Europa e em outros países com uma longa tradição democrática".
Enquanto isso, autocracias como o Vietnã e a China figuraram entre os países considerados os mais democráticos por seus cidadãos.
Anders Fogh Rasmussen, presidente da Alliance of Democracies Foundation, disse que os números são "um alerta para todos os governos democráticos".
"Defender a democracia significa promover a liberdade em todo o mundo, mas também significa ouvir as preocupações dos eleitores em casa", disse Rasmussen, que já foi secretário-geral da Otan (2009-2014) e primeiro-ministro da Dinamarca (2001-2009)
"A tendência mostra que corremos o risco de perder o Sul Global para