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Alemanha afirma que retirada de tropas russas é incompleta

Agências (as)23 de agosto de 2008

Alemanha, França e Reino Unido acusam a Rússia de não cumprir o acordo de cessar-fogo. Russos negam e dizem ter concluído retirada de tropas da Geórgia. EUA ameaçam com exclusão do G8 e bloqueio do ingresso na OMC.

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Russos deram por encerrada a retirada de suas tropas da GeórgiaFoto: AP

Os governos da Alemanha, da França e do Reino Unido vêem como incompleta a retirada das tropas russas da Geórgia e exigem que a Rússia cumpra na íntegra os seis pontos do acordo de cessar-fogo acertado com o governo francês. "Segundo as informações disponíveis, a Rússia iniciou a retirada de suas tropas da Geórgia, mas não a concluiu", disse neste sábado (23/08) o porta-voz do governo alemão, Thomas Steg.

De acordo com Steg, a opinião é compartilhada pelo presidente da Geórgia, Mikhail Saakashivili, com quem a chanceler federal alemã, Angela Merkel, conversou por telefone neste sábado. O governo alemão exige que a Rússia recue suas tropas para as posições que elas ocupavam antes do início do conflito e que as vias de transporte entre o leste e o oeste da Geórgia sejam restabelecidas.

Steg salientou que o governo alemão espera que a Rússia retire também os militares que mantém numa zona tampão ao redor da Ossétia do Sul e que essas tropas sejam substituídas o mais rápido possível por um mecanismo de paz internacional. É necessário iniciar logo o envio de ajuda humanitária à Geórgia, bem como a reconstrução do país, disse Steg.

Retirada incompleta

Na sexta-feira, a Rússia declarou como encerrada a retirada de tropas da Geórgia. A ação estaria em conformidade com o acordo de seis pontos acertado com a França, disse o ministro Anatoli Serdiukov. Ele destacou que algumas centenas de militares permanecem numa zona tampão criada ao redor da província separatista da Ossétia do Sul.

"O recuo das tropas russas com funções de manutenção da paz significa o cumprimento incondicional pela Rússia do plano Medvedev-Sarkozy", frisou o ministro russo. O governo da Geórgia contestou as informações, afirmando que a retirada não estava completa e que o exército russo ainda permanecia em várias cidades do país.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, também acusaram a Rússia de não cumprir na íntegra o acordo de cessar-fogo. Conforme um porta-voz da Casa Branca, a criação de uma zona tampão não está prevista nos seis pontos do plano de paz.

Reunião de cúpula

A chanceler federal Angela Merkel propõe a realização de uma conferência internacional sobre o conflito na Geórgia com o objetivo de levantar recursos para o país. Do encontro participariam países vizinhos, como a Armênia e o Azerbaijão, mas não a Rússia. Merkel conversou sobre o assunto com o presidente francês, Nicolas Sarkozy. A França ocupa a presidência semestral rotativa da União Européia (UE).

De acordo com declaração do porta-voz Thomas Steg à agência de notícias AP, a exclusão da Rússia se daria apenas por motivos econômicos. Uma solução política para o conflito no Cáucaso não é possível sem a Rússia, afirmou. O encontro de cúpula da UE com os países vizinhos da Geórgia aconteceria dentro da assim chamada política de vizinhança da União Européia. Com a Rússia, a UE possui uma parceria estratégica especial, destacou Steg.

Ameaça dos EUA

O secretário norte-americano do Comércio, Carlos Gutierres, afirmou neste sábado que a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a sua permanência no G8 poderão ser postas em questão devido ao conflito na Geórgia. "Até agora, os Estados Unidos têm sido o advogado da Rússia quando se tratava de integrar o país à comunidade internacional", afirmou Gutierrez em entrevista ao semanário alemão Der Spiegel.

"Nesta situação de crise, não se deve começar a descartar certas opções. O governo russo deve refletir sobre os seus interesses", disse Gutierrez. A Rússia busca há anos ingressar na OMC. O grupo dos sete países mais industrializados do mundo (Estados-Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão) tornou-se o G8 em 1997 com a integração da Rússia.