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Alemanha anuncia lockdown parcial para conter segunda onda

28 de outubro de 2020

Merkel e governadores endurecem medidas em meio a recordes de novos casos de covid-19. Restaurantes, bares e cinemas voltarão a fechar. Escolas permanecem abertas. "Precisamos agir agora", afirma Merkel.

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Angela Merkel de máscara
"Nosso sistema de saúde ainda pode lidar com esse desafio hoje", diz MerkelFoto: Fabrizio Bensch/Reuters Pool/dpa/picture alliance

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e os governadores dos 16 estados decidiram nesta quarta-feira (28/10) endurecer as medidas restritivas na tentativa de conter o avanço da covid-19, no mesmo dia em que o país bateu um novo recorde de casos diários da doença.

Em reunião por videoconferência, a chefe de governo e os líderes estaduais acertaram um lockdown parcial de emergência de um mês de duração, que inclui o fechamento de restaurantes, bares, academias, teatros, cinemas e piscinas a partir da próxima segunda-feira, 2 de novembro.

"Precisamos agir agora", afirmou Merkel ao anunciar as medidas, acrescentando que a chave para amenizar a situação "muito séria" que o país enfrenta é a redução de contatos, ao mesmo tempo em que se limitam os danos à economia.

A partir da semana que vem, reuniões privadas serão limitadas a dez pessoas de no máximo duas residências diferentes. Shows e eventos semelhantes terão que ser cancelados. Já eventos esportivos profissionais serão permitidos apenas sem espectadores.

O governo ainda recomenda à população que não realize viagens particulares e não essenciais, enquanto estadias em hotéis serão permitidas apenas para viagens de negócios indispensáveis.

Escolas e creches, por sua vez, poderão continuar funcionando, assim como as lojas, desde que cumpram as regras de distanciamento social e higiene.

Os líderes acertaram ainda um novo pacote de ajuda de 10 bilhões de euros (cerca de R$ 67 bilhões), destinado a auxiliar empresas que estão sendo forçadas a fechar suas portas. Pequenas e médias empresas deverão receber 75% do valor de suas vendas perdidas em novembro por conta do fechamento, e grandes empresas terão direito a 70%.

Merkel reconheceu que as medidas são "rígidas" e "duras", mas alertou que, considerando o atual ritmo de contaminações na Alemanha, o sistema de saúde pode "atingir o limite de sua capacidade dentro de semanas".

"Nosso sistema de saúde ainda pode lidar com esse desafio hoje", afirmou. "Precisamos reduzir os contatos. Se esperarmos mais tempo, teremos que reduzir os contatos ainda mais."

A chanceler federal alemã observou que o número de novos casos de coronavírus no país dobrou em relação à semana anterior, enquanto o número de pessoas internadas em unidades de terapia intensiva também dobrou nos últimos dez dias.

"A curva precisa ser achatada novamente [...] para que o rastreamento de contato possa ser realizado mais uma vez", disse a líder, informando que, em 75% das novas infecções, as autoridades não conseguiram determinar a origem do contágio.

A Alemanha foi elogiada por ter lidado relativamente bem com a primeira onda de covid-19 no início deste ano, mas os números dispararam nas últimas semanas, em meio a uma segunda onda.

Nesta quarta-feira, o país registrou 14.964 novos casos de coronavírus em 24 horas, o número mais alto já reportado em um dia desde o início da pandemia, segundo o Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental de controle e prevenção de doenças infecciosas.

A cifra diária eleva o total de infectados no país para 449.275. Também foram registradas 27 mortes por covid-19 nesta quarta-feira, e com isso o total de vítimas chegou a 10.098. Os últimos dados mostram ainda que apenas cerca de 25% dos leitos de terapia intensiva estão disponíveis.

Apoio às restrições

O endurecimento das restrições ganhou apoio da população nas últimas semanas, com 32% dos alemães afirmando que as medidas vigentes não são suficientes – cinco pontos percentuais a mais que no começo de outubro –, segundo pesquisa realizada pelo instituto Infratest.

Por outro lado, uma grande maioria, 51%, acredita que as medidas atuais são suficientes, embora o número tenha caído oito pontos percentuais nas últimas semanas.

Uma das principais questões durante a resposta à pandemia foi até que ponto o governo federal em Berlim deveria ter voz ativa na definição das regras sanitárias, uma vez que os estados alemães têm autonomia para decidir suas políticas de saúde pública.

O modelo acabou levando a uma "colcha de retalhos" de regulamentações em todo o país, com proibições de viagem e toques de recolher em algumas regiões, e nenhuma restrição em outras.

A pesquisa de opinião mais recente mostra que mais de dois terços (68%) da população queriam que as normas fossem unificadas nos 16 estados. Além disso, 78% disseram desejar que os estados "trabalhem mais estreitamente unidos" na resposta à pandemia.

EK/afp/dpa/rtr/dw