Depois da soberba vitória sobre a Dinamarca, as jogadoras da seleção alemã esbanjam autoconfiança não apenas para seu compromisso contra a Espanha nesta terça-feira (12/07), mas também acreditam que possa haver um final feliz como uma das favoritas ao título.
Vale lembrar que a seleção feminina já venceu oito títulos europeus, além de dois mundiais e um olímpico, mas o último triunfo numa competição internacional foi há seis anos, justamente nas Olimpíadas do Rio contra a Suécia – vitória no Maracanã por 2x1.
Na Eurocopa, a última vez que as alemãs tiveram o sabor de erguer a taça foi em 2013 quando venceram a Noruega na final por 1x0. Destaque daquele confronto foi a goleira alemã Nadine Angerer, que defendeu duas cobranças de penalidades máximas.
Em 2017, o time esteve bem na fase de grupos, mas logo nas quartas de final foi eliminada pela Dinamarca (1x2) e viu frustrada sua expectativa de obter o seu sétimo título europeu consecutivo. Foi por isso mesmo que essa derrota ficou atravessada na garganta da moçada, até que surgiu a oportunidade da revanche no atual torneio que se realiza na Inglaterra.
Foi uma revanche e tanto. Afinal, a Dinamarca é a atual vice-campeã europeia e teve que se curvar perante uma avassaladora Alemanha que começou o jogo a todo vapor mandando duas bolas na trave logo nos primeiros minutos do confronto. Abriu o placar em seguida e no segundo tempo atropelou as dinamarquesas ao decretar o placar final de 4x0.
Histórico recente deixa a desejar
Começar bem o torneio foi fundamental. Uma partida inaugural num torneio como esse normalmente vem carregada de algum nervosismo e muita expectativa. Daí a sua importância. Não foi apenas uma vitória. Foi, isto sim, um triunfo categórico e convincente, que levou o time à condição de uma das favoritas ao título junto com França, Holanda, Suécia, a anfitriã Inglaterra e Espanha, não necessariamente nessa ordem.
A história recente das alemãs em torneios internacionais deixa bastante a desejar. Além de ter sido eliminada nas quartas de final da última Euro em 2017, teve o mesmo destino do adeus prematuro na última Copa do Mundo em 2019. Sem contar que o time nem se classificou para as Olimpíadas do Japão em 2021.
A expectativa é que este novo capítulo que se abre para a Alemanha nesta Eurocopa 2022 seja bem diferente e mais abrangente do que nos últimos cinco anos. Contra a Dinamarca o time mostrou dinamismo, criatividade e autoconfiança. A verificar se a equipe será capaz de mostrar essas qualidades também contra o seu próximo adversário que será a Espanha. As espanholas jamais venceram um título europeu ou mundial, mas desta vez são consideradas fortes candidatas a erguer a taça pela primeira vez.
Mesmo desfalcada, Espanha é forte adversária
A base da seleção espanhola é fornecida pelo Barcelona que, apesar de ter perdido a final da Champions League para o Olympique Lyon, é uma das melhores equipes de futebol feminino da Europa.
A Espanha estreou na Euro com uma vitória convincente sobre a Finlândia (4x1), mas não poderá contar com a meia atacante Alexia Putellas, considerada a melhor jogadora do mundo em 2021. Alexia sofreu uma contusão durante um treino poucos dias antes do torneio começar. O diagnóstico foi desolador – ruptura dos ligamentos cruzados - e impede a participação de Alexia na Euro.
Mesmo com esse desfalque, pelo que a Espanha mostrou no seu confronto com a Finlândia, é uma das mais sérias candidatas a vencer o título.
Martina Voss-Tecklenburg, técnica da seleção alemã, já advertiu suas atletas: "A Espanha mostrou que com seu futebol privilegiando a posse de bola, variação de jogadas ensaiadas, forte jogo aéreo, criação de muitas oportunidades de gol e seus talentos individuais brilhantes, não está para brincadeiras. Joga sério. É uma superseleção, dificílima de bater".
A capitã Svenja Huth também fez eco às palavras da treinadora: "Tenho muito orgulho do meu time, mas é sempre bom lembrar que estamos apenas no começo da nossa jornada".
O primeiro passo já foi dado. Caso consiga repetir seu bom desempenho também contra as seleções favoritas ao título, como a Espanha por exemplo, a seleção alemã será um páreo duro nesta Euro e sua jornada, quem sabe, pode até ter um final feliz.
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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit é publicada às terças-feiras.
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