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Estado de DireitoAlemanha

Alemanha convoca embaixador russo pela morte de Navalny

19 de fevereiro de 2024

Berlim cita "processo politicamente motivado" e "condições desumanas de detenção" de dissidentes ao anunciar medida. UE planeja novas sanções contra Moscou. Viúva acusa Putin de assassinar Navalny.

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Foto em preto e branco de Navalny próximo a copo para vela e restos de neve em calçada
Foto de Navalny em lugar público em homenagem ao dissidente russo em São PetersburgoFoto: Dmitri Lovetsky/AP/picture alliance

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha convocou o embaixador russo na Alemanha após a morte na prisão do oposicionista russo Alexei Navalny, informou uma porta-voz do governo nesta segunda-feira (19/02).

"O processo politicamente motivado de Alexei Navalny e de muitos outros críticos do governo russo, assim como as condições desumanas de detenção, mostram tanto a brutalidade com que o sistema judicial russo age contra quem pensa de forma diferente, quanto os meios usados pelo presidente Putin para reprimir a liberdade de expressão na Rússia."

"Condenamos isso da forma mais veemente possível e pedimos expressamente a libertação de todos os presos políticos na Rússia, especialmente desde a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia", frisou a porta-voz numa coletiva de imprensa regular..

Novas sanções da UE

Assim como outros países da União Europeia (UE), a Alemanha está propondo novas sanções contra a Rússia após a morte de Navalny. Nesta segunda-feira, pouco antes de uma reunião dos ministros do Exterior europeus em Bruxelas. a chefe da pasta alemã, Annalena Baerbock, anunciou que um instrumento da UE que permite sanções por graves violações de direitos humanos será usado para punir Moscou pela morte do dissidente.

O Regime Global de Sanções aos Direitos Humanos da UE, já havia sido usado para punir funcionários do governo russo pela prisão de Navalny.  Os indivíduos afetados terão congeladas suas contas financeiras e outros ativos na UE. Além disso, não poderão mais entrar ou fazer negócios com cidadãos do bloco.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, comentoiu nesta segunda-feira que proporia mudar o nome do instrumento para "Regime Navalny de Sanções aos Direitos Humanos", para homenagear a luta do ativista russo. Borrell também convidou a viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, para participar da
reunião dos ministros do Exterior da UE.

Por sua vez, o governo britânico convocou diplomatas da embaixada russa em Londres na noite de sexta-feira para informá-los de que as autoridades russas estão sendo consideradas "totalmente responsáveis" pela morte do oponente número um do Kremlin. O ministro do Exterior britânico, David Cameron, afirmou no sábado que haveria "consequências".

"Putin matou meu marido"

Segurando as lágrimas, num discurso em vídeo divulgado nesta segunda-feira, a viúva acusou: "Há três dias Vladimir Putin matou meu marido, Alexei Navalny". Ela prometeu continuar o trabalho do ativista.

As autoridades prisionais disseram que Navalny morreu depois de perder a consciência após uma caminhada em sua colônia penal de Kharp, no Círculo Polar Ártico, 1.900 quilômetros a nordeste de Moscou.

"Alexei morreu numa colônia penal após três anos de tormento e tortura", afirmou Navalnaya. "A coisa mais importante que podemos fazer por Alexei e por nós mesmos é continuar lutando, mais desesperadamente e mais ferozmente do que antes. Precisamos aproveitar todas as oportunidades para lutar contra a guerra, contra a corrupção, contra a injustiça, para lutar por eleições justas e pela liberdade de expressão, para lutar para retomar nosso país."

Ela também prometeu descobrir quem teria matado seu marido: "Sabemos exatamente por que Putin matou Alexei há três dias. Com certeza vamos descobrir exatamente quem cometeu esse crime e como ele foi cometido. Citaremos nomes e mostraremos rostos."

A morte de Navalny aos 47 anos, numa colônia penal remota no Ártico, onde cumpria uma sentença de 19 anos, foi anunciada na sexta-feira. Ele morreu após três anos de prisão e um incidente de envenenamento do qual acusou o Kremlin. O Ocidente acusou unanimemente as autoridades russas, que considera responsáveis pela morte do dissidente.

md/av (AFP, DPA)