Alemanha derrota Irlanda do Norte pelo placar mínimo
21 de junho de 2016Na tentativa de abrandar as críticas pela falta de gols, a Alemanha pressionou a Irlanda do Norte desde o primeiro minuto, nesta terça-feira (21/06), em Paris, mas ficou numa magra vitória por 1 a 0. Mario Gómez foi o autor do gol, anotado ainda no primeiro tempo. O goleiro norte-irlandês Michael McGovern e a trave, por duas vezes, evitaram um resultado mais dilatado.
A Alemanha terminou em primeiro lugar no Grupo C graças ao saldo de gols, já que a Polônia derrotou a Ucrânia, por 1 a 0, em Marselha. Antes desta partida, a polícia francesa precisou novamente intervir com bombas de gás lacrimogêneo e canhões d'água.
Ao contrário das previsões da imprensa esportiva alemã – e bem despistado pelo treinador Joachim Löw –, a Alemanha entrou para a partida decisiva contra a Irlanda do Norte com o principal goleador alemão na atual temporada e único centroavante clássico no elenco: Mario Gómez. Artilheiro do campeonato turco com 26 gols pelo Besiktas, Gómez substituiu o meia Julian Draxler, cuja posição pelo flanco esquerdo foi ocupada por Mario Götze.
Buscando a aceleração na transição ofensiva e uma versatilidade maior no campo de ataque, Löw também optou pelo jovem Joshua Kimmich no lugar de Benedikt Höwedes, que desde a Copa do Mundo atuava improvisado na lateral-direita.
E as alterações se mostraram corretas. Gómez, que manteve sempre dois defensores ocupados e marcou o primeiro gol da partida, e Kimmich, que atuou praticamente como um ponta, pela direta, e teve participação em importantes construções ofensivas, foram, ao lado de Thomas Müller, os principais jogadores na partida. Outro destaque: o goleiro norte-irlandês.
A partida começou conforme o esperado: os norte-irlandeses extremamente fechados, apenas preocupados em congestionar a entrada da própria grande área, mas sem muito sucesso. Em menos de 15 minutos, a Alemanha teve o mesmo número de finalizações que nos 90 minutos contra a Polônia: aos sete minutos, com Müller, aos 10 com Mesut Özil e aos 11 com Götze – todas mal finalizadas.
Para quebrar a compactação defensiva do adversário, Löw posicionou seus dois laterais, Jonas Hector e Kimmich, praticamente como pontas. Com isso a Alemanha construía praticamente uma linha de cinco jogadores – Hector, Götze, Müller, Özil, Kroos e Kimmich – para assistir Gómez.
Num desses lances, Gómez agiu como pivô, ajeitou a bola com o peito para Müller, que novamente parou em McGovern. Quatro minutos depois, foi a vez de a trave impedir o primeiro gol de Müller numa Eurocopa – na terceira grande chance com participação do jovem Kimmich.
A sintonia da dupla – que atuou junto por quatro temporadas no Bayern de Munique – resultou no primeiro gol da partida, aos 29 minutos: após uma tabela entre os dois dentro da grande área, Müller rolou para Gómez, de esquerda, justificar os pedidos pela sua entrada no time titular: 1 a 0, mais do que merecido.
E Müller seguia buscando seu gol: aos 34 minutos, carimbou o travessão. Pela quantidade de oportunidades claras de gols criadas – e desperdiçadas – a Alemanha podia estar vencendo por um placar mais dilatado no intervalo. Os números confirmam: 14 a 1 em finalizações e 78% de posse de bola.
Na segunda etapa, a Alemanha continuou pressionando pelo placar mais confortável criando inúmeras chances de gol, principalmente com cruzamentos de Kimmich, mas a pontaria de Götze e Özil seguia descalibrada. E, aparentemente, a paciência de Löw com Götze acabou: Andre Schürrle entrou no jogo.
Inexplicavelmente, a partida perdeu em intensidade a partir dos dez minutos da etapa final. A Irlanda do Norte não possui as qualidades suficientes para incomodar a atual campeã mundial, e a Alemanha tirou o pé do acelerador.
Principalmente pela apresentação no primeiro tempo, a vitória alemã é mais do que merecida. No entanto, as críticas pela escassez de gols e o decepcionante aproveitamento do setor ofensivo seguirão na pauta da opinião pública da Alemanha.
A classificação foi alcançada, sem sofrer gols, mas sem conseguir convencer contra adversários do calibre de Ucrânia, Polônia e Irlanda do Norte. Já os norte-irlandeses seguem com chances de classificação. Com três pontos, mas saldo de gols melhor do que a Albânia (3ª do Grupo A), a Irlanda do Norte precisa torcer para que outro terceiro colocado não some mais do que três pontos.
Polônia derrota Ucrânia e garante segunda colocação
Na outra partida válida pelo Grupo C, a Polônia derrotou a previamente eliminada Ucrânia por 1 a 0, com gol de Jakub Blaszczykowski. Com o mesmo número de pontos da Alemanha, a Polônia terminou em segundo lugar no grupo devido ao inferior saldo de gols e, consequentemente, definiu-se o primeiro confronto nas oitavas de final: Polônia enfrenta a Suíça, em Saint-Étienne, em 25 de junho.
Antes do jogo, no entanto, torcedores poloneses protagonizaram cenas de violência nas proximidades do Stade Vélodrome, em Marselha. Um grupo de poloneses segurava um cartaz com a inscrição "Defensores da cultura europeia". Quatro baderneiros foram detidos pela polícia francesa, que teve de fazer uso de bombas de gás lacrimogêneo e canhões d'água para conter a situação.
Ficha técnica
Irlanda do Norte 0 x 1 Alemanha
Local: Parc des Princes, Paris
Arbitragem: Clément Turpin (França), auxiliado por seus compatriotas Frédéric Cano e Nicolas Danos.
Gol: Mario Gómez (29'/1T)
Irlanda do Norte: Michael McGovern; Aaron Hughes, Gareth McAuley, Craig Cathcart e Jonny Evans; Steven Davis, Oliver Norwood, Corry Evans (Niall McGinn 38'/2T), Jamie Ward (Josh Magennis 24'/2T) e Stuart Dallas; Conor Washington (Kyle Lafferty 14'/2T). Técnico: Michael O'Neill.
Alemanha: Manuel Neuer; Joshua Kimmich, Jérôme Boateng (Benedikt Höwedes 30'/2T), Mats Hummels e Jonas Hector; Sami Khedira (Bastian Schweinsteiger 23'/2T) e Toni Kroos; Mesut Özil, Thomas Müller e Mario Götze (Andre Schürrle 9'/2T); Mario Gómez. Técnico: Joachim Löw.