Alemanha detém iraquiano acusado de agressão sexual
7 de dezembro de 2016A polícia alemã prendeu nesta terça-feira (06/12) um refugiado do Iraque de 31 anos, acusado de ter agredido sexualmente duas mulheres na cidade de Bochum. A prisão ocorre três dias após a detenção de outro refugiado, um afegão de 17 anos, suspeito de estuprar e matar uma jovem em Freiburg.
Os dois casos reacenderam o debate sobre a política migratória adotada pela chanceler federal Angela Merkel no país, que, sozinho, recebeu cerca de 1,3 milhão de requerentes de refúgio desde 2015.
Leia também: Um crime abala a liberal e receptiva Freiburg
Em Bochum, a primeira agressão ocorreu em agosto deste ano, quando o suspeito tentou estuprar uma estudante chinesa de 21 anos. O segundo crime foi em novembro, também contra uma universitária que veio da China, de 27 anos. Nesse último caso, o estupro de fato aconteceu.
Em pronunciamento à imprensa nesta terça-feira, os promotores responsáveis pelo caso explicaram que testes de DNA já haviam comprovado que os dois crimes, ambos no distrito universitário de Bochum, tinham o mesmo autor. A busca pelo criminoso, porém, vinha sendo feita às cegas.
Na semana passada, a polícia recebeu uma pista que se tornou crucial para encontrá-lo: fotos de um homem escondido atrás de um arbusto exatamente no mesmo local da segunda agressão.
Segundo a promotoria, a partir das fotos, as forças de segurança conseguiram localizar o suspeito, um requerente de refúgio vindo do Iraque. Após novo exame de DNA feito com amostras da saliva, a relação ficou comprovada. "O resultado do teste é claro", disse o promotor Roland Wefelscheid.
O suspeito responderá pelos crimes de tentativa de homicídio, tentativa de estupro, estupro consumado e roubo, pois levou dinheiro de uma das vítimas. Ele também foi acusado por dois delitos de lesão grave, porque violentou gravemente as estudantes durante o ataque, dando golpes no pescoço e na cabeça na tentativa de anular a resistência das vítimas, segundo informou a promotoria.
O iraquiano, que nega ser autor das agressões, chegou na Alemanha em dezembro de 2015 com a mulher e dois filhos. Ele vivia com a família num campo de refugiados próximo ao local dos crimes.
Apelo contra xenofobia
O debate já inflamado na Alemanha sobre a política migratória de Merkel vinha em alta desde o fim de semana passado, quando um refugiado afegão de 17 anos foi detido sob suspeita de estuprar e matar uma jovem de 19 anos na cidade de Freiburg, no sudoeste da Alemanha, em outubro.
A estudante de Medicina Maria L. estava a caminho de casa com sua bicicleta, após sair de uma festa, quando foi estuprada e assassinada. Seu corpo foi achado no rio Dreisam. A prisão ocorreu após um teste de DNA comprovar que um fio de cabelo encontrado na cena do crime pertencia ao rapaz.
O caso, que foi seguido de críticas vorazes por parte do partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), levou a chanceler Merkel e outros membros do governo alemão a fazerem um apelo contra a xenofobia, pedindo para que não sejam feitas conclusões generalizadas sobre o caso.
Em entrevista ao jornal Bild, o vice-chanceler federal e ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, insistiu que crimes hediondos como esse "já existiam [no país] antes da chegada do primeiro refugiado do Afeganistão ou da Síria". O político rechaçou qualquer comentário ou atitude xenófoba.
EK/dpa/efe/rtr