Alemanha devolve 14 obras de arte roubadas por nazistas
13 de janeiro de 2021Autoridades alemães anunciaram nesta quarta-feira (13/01) que devolveram a seus legítimos donos 14 obras de arte que foram roubadas pelos nazistas e faziam parte da coleção apelidada de "Tesouro de Munique", que estava em posse do colecionador alemão Cornelius Gurlitt.
A ministra alemã da Cultura, Monika Grütters, disse que todas as obras identificadas como roubadas pelos nazistas num relatório no início deste ano foram devolvidas. As peças faziam parte da coleção de Gurlitt, filho de um negociante de artes da era nazista que morreu em 2014. Esse acervo só foi descoberto há oito anos. Cerca de 1.200 peças eram mantidas pelo octogenário em seu apartamento em Munique e em torno de 250 estavam na casa que ele possuía em Salzburg, na Áustria.
A obra mais recente devolvida foi a pintura Klavierspiel (Tocando piano), do pintor romântico alemão Carl Spitzweg. Ela foi repassada para a casa de leilão Christie's, de acordo com o desejo dos herdeiros do editor musical judeu Henri Hinrichsen, que foi morto por nazistas no campo de extermínio de Auschwitz em 1942.
A transferência foi coordenada com o Kunstmuseum de Berna, que herdou a coleção de Gurlitt em 2014.
Grütters disse que é "importante sinal" que todas as obras identificadas como roubadas até agora tenham sido devolvidas aos herdeiros de seus proprietários. "Cada uma destas pinturas carrega um destino humano e trágico como o de Hinrichsen, vítima de Auschwitz", ressaltou a ministra em comunicado.
"Não podemos compensar esse sofrimento enorme, mas estamos tentando com a análise das obras roubadas por nazistas contribuir para a justiça histórica e cumprir nossa responsabilidade moral". Grütters ressaltou o compromisso da Alemanha em continuar a avaliação de procedência de obras de arte.
Obras surgiram após décadas
O recluso Cornelius Gurlitt, que morreu em 2014, escondeu durante décadas centenas de obras que herdou da coleção de seu pai. As peças foram descobertas por autoridades em 2012 durante uma investigação fiscal.
Ao todo 1.500 obras foram apreendidas, incluindo pinturas de artistas notáveis como Picasso, Renoir, Cézanne e Matisse.
Mantida em segredo até o ano seguinte, a descoberta do tesouro virou notícia no mundo todo e reacendeu o debate sobre o empenho da Alemanha para devolver obras roubadas por nazistas a seus legítimos donos.
Em seu testamento, Gurlitt deixou as obras para o Kunstmuseum de Berna. No entanto, uma fundação apoiada pelo governo alemão vem trabalhando junto com o museu suíço para garantir que todas as peças roubadas de judeus sejam devolvidas.
O número relativamente pequeno de peças devolvidas nos último anos é atribuído ao cuidadoso processo para definir a proveniência de cada uma delas.
Muitos herdeiros e ativistas criticam a demora do processo de restituição. Eles afirmam que o caso ressalta a necessidade contínua de uma pesquisa minuciosa de proveniência de obras mantidas por museus e pertencentes a coleções particulares.
CN/dw