Alemanha dissolve companhia de tropa de elite da Bundeswehr
30 de julho de 2020A Alemanha dissolveu nesta quinta-feira (30/07) a segunda companhia do Comando de Forças Especiais (KSK), a tropa de elite das Forças Armadas alemãs, em resposta ao escândalo sobre envolvimento de seus membros com extremismo de direita.
A extinção da companhia foi ordenada após um pedido do quartel do KSK localizado em Calw, no estado de Baden-Württemberg. De acordo com um porta-voz do Ministério da Defesa alemão, os soldados da tropa foram transferidos para outras áreas do próprio Comando de Forças Especiais ou das Forças Armadas alemãs (Bundeswehr).
Anunciada há cerca de um mês pela ministra da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, a medida faz parte de uma ampla reforma que almeja acabar com o extremismo de direita na tropa de elite alemã, que é treinada para operações especiais como libertar reféns.
A reforma mirava principalmente a segunda companhia de comando. Das quatro companhias do KSK, ela seria a que apresenta os maiores problemas. Em 2017, a companhia organizou uma festa de despedida para um comandante, na qual soldados do KSK arremessaram cabeças de porcos, ouviram rock de extrema direita e fizeram a saudação nazista, que é proibida na Alemanha.
Desde então, o KSK ganhou manchetes na Alemanha várias vezes por causa de incidentes extremistas. Em janeiro de 2020, o presidente do serviço secreto militar alemão (MAD), Christof Gramm, alertou para cerca de 20 casos de suspeita de extremismo de direita no KSK. Proporcionalmente, isso é cinco vezes mais do que em toda a Bundeswehr.
Em maio deste ano, a polícia encontrou armas, munições e explosivos escondidos na propriedade de um militar da companhia.
O ministério não revelou quantos soldados fazem parte da segunda companhia do KSK. Estima-se que sejam cerca de 300.
O governo alemão estabeleceu um prazo, até 31 de outubro, para o Comando de Forças Especiais provar que está empenhado em solucionar o problema que enfrenta com o extremismo de direita. Caso contrário, a tropa de elite poderá ser completamente extinta.
O KSK foi criado em 1996, depois de a Alemanha se ver obrigada a apelar para a tropa de elite da Bélgica para resgatar cidadãos alemães durante o genocídio em Ruanda. A unidade emprega hoje cerca de 1.700 pessoas, incluindo militares e funcionários civis.
Idealmente, essa tropa de elite executa suas tarefas de forma eficiente e extremamente sigilosa. Às vezes, porém, algumas missões acabam chegando à imprensa. Foi assim em 2012, quando o KSK prendeu um líder do Talibã no Afeganistão.
CN/dpa/ots
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