Alemanha e EUA propõem perdoar 80% das dívidas do Iraque
20 de novembro de 2004O Iraque não precisará pagar de volta a maior parte de sua dívida externa. Este foi o consenso a que chegaram o ministro alemão das Finanças, Hans Eichel, e o secretário norte-americano do Tesouro, John Snow, durante o encontro de G-20 em Berlim. Numa proposta conjunta ao Clube de Paris, grupo dos principais países credores, ambos propõem que se perdoem até 80% das dívidas do Iraque.
Perdão em três etapas
Isso deverá ocorrer em três etapas, conforme explicou Eichel: a primeira se refere ao perdão imediato de 30% das dívidas; a segunda, com a mesma porcentagem, estaria vinculada a um programa do Fundo Monetário Internacional e a terceira, de 20%, dependeria do êxito deste programa.
O perdão se refere a 40 bilhões de dólares que o Iraque deve aos países do Clube de Paris. O acordo teria validade exclusiva para o caso do Iraque e não poderia ser tomado como precedente para outros países endividados. A idéia seria possibilitar uma reconstrução do país a longo prazo, após o apaziguamento dos conflitos e a estabilização política.
Schröder: proposta provisória
O chanceler federal Gerhard Schröder se mostrou satisfeito com o acerto, mas advertiu que isso ainda não representa uma decisão definitiva. Para o chefe de governo alemão, a terceira etapa das dívidas a serem perdoadas deverá depender do desenvolvimento do quadro econômico no Iraque: "Potencialmente, o Iraque é um país muito rico, sobretudo no tocante a suas reservas de petróleo. Vai ser preciso se falar de novo no assunto".
Em outras palavras, assim que a situação econômica no Iraque se estabilize, é provável que se argumente que o país exportador de petróleo possa pagar suas dívidas. É por isso que anteriormente a Alemanha e a França haviam proposto o perdão de 50% das dívidas iraquianas. Os EUA, por sua vez, propuseram de início o perdão de 95%, alegando que isso incentivaria a reconstrução e estabilização do país.
Além das dívidas junto ao Clube de Paris, o Iraque deve cerca de 60 bilhões de dólares a outros países do Golfo e do antigo bloco socialista. Junto a credores particulares, como bancos e empresas, o país deve aproximadamente 20 bilhões de dólares.