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Após mais de 40 anos

12 de março de 2009

Decisão do presidente Nicolas Sarkozy reforça presença europeia na aliança militar, avalia chanceler federal Angela Merkel. Críticas vêm de políticos e da imprensa francesa.

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Nicolas Sarkozy e Angela Merkel se reuniram em BerlimFoto: AP

Aliados da França na Otan, entre eles a Alemanha e os Estados Unidos, saudaram nesta quinta-feira (12/03) a decisão do presidente Nicolas Sarkozy de retornar ao comando militar da Aliança Atlântica.

Para a chanceler federal alemã, Angela Merkel, a presença da França na estrutura de comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte reforça os componentes europeus na aliança, também do ponto de vista de uma política europeia comum de segurança e defesa. Ela classificou a decisão como corajosa. As declarações foram dadas em Berlim, após encontro entre a premiê e Sarkozy.

A Secretaria da Defesa dos Estados Unidos afirmou estar satisfeita por a França retornar "ao lugar que pertence: a estrutura de comando da aliança que ela ajudou a fundar".

Para o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, a decisão anunciada por Sarkozy é boa para a defesa do mundo. O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, disse que o retorno francês significa um novo impulso numa época em que decisões estratégias estão para serem tomadas.

Críticas no próprio país

Na França, a decisão de Sarkozy é polêmica. O jornal esquerdista Libération chamou o presidente de "amigo dos americanos". O ex-primeiro-ministro socialista Lionel Jospin afirmou que o retorno destrói o consenso entre esquerda e direita na política de defesa.

Para ele, a França perderá sua liberdade, que poderá ser importante na confusa situação atual de conflito do mundo. Também o ex-primeiro-ministro conservador Alain Juppé acusou Sarkozy de colocar em risco a posição de independência do país, a qual ele afirma haver reforçado boa imagem da França no mundo árabe, na Ásia e na América Latina.

Na próxima semana, Sarkozy se submeterá a um voto de confiança na Assembleia Nacional, para dar mais legitimidade à decisão. A expectativa é de que o governo ganhe com facilidade.

Decisão de De Gaulle

Em 1996, o então presidente da França, Charles de Gaulle, se retirou da estrutura de comando da Otan por ver ameaçada a soberania da França em sua política nuclear, e por divergências sobre a influência dos Estados Unidos na Europa.

A decisão, em plena Guerra Fria, foi o ponto culminante de anos de rivalidade entre a França e os EUA pelo controle da Otan e suas armas nucleares.

Desde então, a França está ausente do planejamento estratégico da Otan, porém participa de operações militares. A estrutura de comando da Otan é formada por cerca de 12 mil postos militares, dos quais a França deverá ocupar entre 800 e mil. O país também terá direito a dois importantes postos de comando.

Independência nuclear

Sarkozy disse que a França necessitava voltar ao centro de decisões da Otan para que sua voz fosse ouvida. "Comprometemos a vida dos nossos soldados, mas não participamos do comitê que define as estratégias e decisões", argumentou.

O presidente francês disse ainda que a França manterá a independência de seu arsenal nuclear e vários responsáveis indicaram que não há previsão para entrada do país no comitê de planejamento nuclear da Aliança Atlântica.

O arsenal nuclear francês tem tecnologia própria e o apoio de todo o espectro político do país. A outra potência nuclear europeia, o Reino Unido, adquiriu seu arsenal dos Estados Unidos.

AS/AV/dpa/reuters/ap/afp