Pesquisa de ponta
12 de outubro de 2009Nos últimos anos, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) aumentaram continuamente na Alemanha. Segundo o Departamento Federal de Estatísticas do país, somente os institutos de pesquisas extrauniversitários investiram 8,5 bilhões de euros na área de pesquisa e desenvolvimento em 2007 – 4,7% a mais do que no ano anterior.
Em 2009, o governo alemão planejou investir um total de 10 bilhões de euros em educação e pesquisa. Principalmente investigações sobre o clima e a terceira idade deverão ser intensificadas. A meta é aumentar a competitividade internacional da Alemanha no setor.
Iniciativa de excelência
Escolas de ensino superior, instituições de pesquisa e indústria são os três pilares que sustentam o cenário científico alemão, que nos últimos anos passou por várias modificações.
Uma delas é a chamada iniciativa de excelência, através da qual o Estado investirá um total de 1,9 bilhão de euros até 2012 na pesquisa universitária de ponta. A iniciativa é coordenada pela Fundação Alemã de Pesquisa Científica (DFG), a maior organização de fomento à ciência do país.
Para Matthias Kleiner, presidente da DFG, o desenvolvimento observado nos últimos dois anos comprova que "não houve até agora no país nenhuma medida ou iniciativa que trouxesse consigo tanta dinâmica. Isso vale tanto para projetos de sucesso quanto para outros de menos ou nenhum êxito".
Nove universidades alemãs passaram a ser chamadas oficialmente de "universidades de excelência", após provarem aos peritos responsáveis pela escolha que são capazes de contribuir substancialmente para a pesquisa de ponta.
Além disso, existem cerca de 40 novos centros que oferecem a pesquisadores graduados uma formação estruturada com vista ao doutorado, e outros 40 novos "grupos de excelência", nos quais especialistas de escolas superiores e da área científica investigam em conjunto. No futuro, tais cooperações deverão ser ampliadas.
Instituto Max Planck
Kleiner afirmou que mais de dois terços desses grupos de excelência cooperam com unidades do Instituto Max Planck. E esse é o objetivo claro da iniciativa de excelência: estimular a cooperação entre universidades e instituições extrauniversitárias de pesquisa. A fim de alcançar esta meta, a iniciativa se empenha em aprimorar as possibilidades de pesquisa das universidades.
Na Alemanha, existem 76 institutos Max Planck, onde milhares de cientistas empreendem pesquisa fundamental em diversas disciplinas, como biologia, química e medicina, mas também nas ciências humanas e da cultura.
Sociedade Helmholtz
Também a Sociedade Helmholtz está entre as mais renomadas organizações de pesquisa da Alemanha. Seu presidente, Jürgen Mlynek, explica que a missão da instituição é a pesquisa estratégica de longo prazo, com vista ao interesse nacional. Trata-se de projetos de grande porte, que uma universidade ou um pequeno instituto de pesquisa não podem empreender.
Com regularidade, a Sociedade Helmholtz se destaca através de resultados espetaculares na pesquisa. Foi constatado em seu centro de pesquisas sobre o câncer, por exemplo, que o câncer do colo do útero é provocado por infecções virais, descoberta que garantiu o Nobel de Medicina ao cientista Harald zur Hausen em 2008.
Também por ocasião do maremoto no Sudeste Asiático em 2004, que resultou em centenas de milhares de mortos e desaparecidos, a Sociedade Helmholtz reagiu rapidamente. "O resultado foi um sistema de alerta antecipado de tsunamis, que contou com a colaboração de especialistas de diversas disciplinas", conta Mlynek.
"Geocientistas, no que se refere aos terremotos; especialistas em tecnologia marinha no tangente à superfície oceânica, boias etc. E, quanto à transmissão de dados, entra em ação a tecnologia de satélites do Centro Aeroespacial Alemão (DLR). Unir essas três coisas em uma é algo que somente a Sociedade Helmholtz é capaz de fazer", acresceu.
Cooperação com a indústria
Além de universidades e institutos de pesquisa, a indústria é o terceiro pilar do cenário científico alemão. No total, os centros de pesquisa da indústria investem o dobro da verba dedicada à investigação por instituições estatais. O que não deve ser necessariamente entendido como concorrência, já que muitos desenvolvem inovações em conjunto com universidades.
A Escola Superior de Tecnologia da Renânia do Norte-Vestfália (RWTH) é considerada um bom exemplo de como isso funciona. Para reforçar a cooperação com a indústria, a RWTH está criando um novo campus científico a fim de promover a cooperação mais estreita entre universidade e indústria.
Günther Schuh, professor de engenharia de produção na RWTH e responsável pelo projeto, afirma que, para a indústria, esse é de longe o caminho mais em conta para ampliar a competência em novas tecnologias.
Autora: Britta Mersch (ca)
Revisão: Rodrigo Rimon