Alemanha mediou troca entre Israel e Hizbollah
29 de janeiro de 2004Após três anos de negociações mediadas pela Alemanha, foi realizada nesta quinta-feira (29/01) a troca de prisioneiros entre Israel e a milícia libanesa Hizbollah no aeroporto de Colônia, no oeste do país. Sob muita neve e acompanhados por um rígido esquema de segurança, os aviões das forças aéreas alemã e de Israel pousaram na área militar do aeroporto poucos minutos após as sete horas da manhã, vindos de Beirute e Tel Aviv.
A bordo de um deles estavam mais de 30 árabes de várias nacionalidades. No outro, os corpos de três soldados israelenses mortos no sul do Líbano e o empresário Elchanan Tennenboim, seqüestrado pelo Hizbollah em outubro de 2000, em Beirute. Na quarta-feira, já havia chegado uma equipe israelense, constituída de um rabino militar e patologistas, para a identificação dos corpos. Somente depois da confirmação da identidade dos mortos foi permitido aos árabes sair da aeronave israelense, para serem transportados a Beirute num avião da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs).
Entre os árabes há dois conhecidos líderes xiitas: xeque Abdul Karim Obeid e Mustafá Dirani. Um dos prisioneiros trocados foi o alemão Steven Myrek, que estava preso em Israel. Ele havia se convertido ao islã. Em 1999, foi condenado a dez anos de prisão por um tribunal israelense, sob a acusação de ter preparado um atentado suicida. Recentemente, Myrek anunciou numa entrevista que pretende se filiar ao Hizbollah.
Contatos também com o IrãA operação, que se desenrola sem o acesso da imprensa, não acontece apenas em solo alemão. Outros 400 palestinos serão libertados, paralelamente, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Além disso, Israel se prontificou a transladar os corpos de 60 guerrilheiros do Hizbollah enterrados em seu território.
Em contrapartida, nos próximos dois meses, a milícia libanesa pretende apurar o paradeiro de soldados israelenses desaparecidos desde a Guerra no Líbano. Entre estes, estão o co-piloto israelense Ron Arad, sumido em 1986 no Líbano. Israel crê que ele esteja preso no Irã, o país que sustenta a milícia libanesa. Desde quarta-feira, uma delegação iraniana está em Beirute para esclarecer o caso Arad.
Também o coordenador do serviço secreto alemão, Ernst Uhrlau, responsável pela mediação entre Israel e Líbano, teria mantido contatos com as autoridades em Teerã nos últimos tempos. Esta não é a primeira vez que a Alemanha media uma ação destas, já que o país mantém boas relações com todos os envolvidos no conflito do Oriente Médio.