Alemanha oferece alfabetização online
8 de setembro de 2004Há cerca de 4 milhões de analfabetos na Alemanha. Para a grande maioria deles, o mais difícil é assumir sua condição: apenas 20 mil freqüentam os cursos oferecidos pelo governo alemão. Para que essas pessoas possam aprendam a ler e escrever sem constrangimento, a Alemanha lança neste Dia Internacional da Alfabetização (8/9) um novo projeto.
Trata-se do portal Apoll – "Alfa-Portal Literacy Learning", financiado pelo Ministério alemão da Educação e Pesquisa. Segundo Christian Fiebig, coordenador do projeto, "o maior problema de um analfabeto é assumir sua condição perante os outros e freqüentar um curso. Com o portal de aprendizagem eletrônica, eles agora podem aprender anonimamente".
No futuro, o portal deverá conter cerca de 17 mil exercícios, entre os quais o usuário poderá escolher para montar seu próprio curso. O primeiro passo que os interessados têm de tomar é gravar o endereço www.ich-will-schreiben-lernen.de em seu navegador, para não ter que digitá-lo a cada nova visita. Lá esses são guiados por um programa especial, que lê em voz alta todos os textos clicados.
Programa exige autodisciplina
Os usuários devem fazer uma auto-avaliação e depois um teste de nivelamento. Cada participante recebe então um programa semanal e já pode começar o curso imediatamente. Os primeiros exercícios misturam figuras e tarefas orais. O programa também pergunta ao usuário qual seu objetivo: aprender a lidar com instituições, ler livros ou apenas realizar pequenas tarefas cotidianas.
A experiência mostra, segundo o coordenador Fiebig, que lidar com o computador não é problema. "O computador e especialmente a Internet são mídias novas, às quais nosso público alvo tem se mostrado bem aberto. Assim eles também têm a possibilidade de definir eles próprios a velocidade do aprendizado e os intervalos de tempo necessários." Mas ele alerta: o aprendizado em casa exige muita autodisciplina. Por isso, os especialistas do Apoll aconselham paralelamente a visita a um curso tradicional.
A proporção de homens e mulheres entre os interessados, conta Fiebig, mantém-se equilibrada. A maioria tem entre 30 e 45 anos. "Nessa faixa etária, o sofrimento em virtude do analfabetismo aumenta, pois eles não se desenvolvem profissionalmente e não conseguem acompanhar o progresso escolar dos filhos", explica. "Também sabemos que o analfabetismo causa solidão" – o índice de solteiros entre o público alvo é de 51%.
Repercussão internacional
O Instituto alemão para Cooperação Internacional (IZ), em Bonn, já avalia a possibilidade de oferecer programas de avaliação pela Internet a países em desenvolvimento. A Índia, por exemplo, já se mostrou interessada em desenvolver um sistema semelhante.
No futuro, o Apoll terá também um curso de língua alemã para estrangeiros que não saibam ler ou escrever em sua língua materna. Talvez seja esta a contribuição da Alemanha para a Década Mundial da Alfabetização, proclamada pela ONU em 2003.