Alemanha passa de 4.500 novas infecções diárias
9 de outubro de 2020A Alemanha voltou a registrar, pelo segundo dia consecutivo, mais de 4 mil novos casos de covid-19, uma marca que não era ultrapassada desde o início de abril.
O Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental de controle e prevenção de doenças infecciosas, anunciou na manhã desta sexta-feira (09/10) que contabilizou 4.516 novas infecções e 11 óbitos nas últimas 24 horas no país. Ao todo, a Alemanha registra 314.660 casos e 9.589 mortes na pandemia de covid-19.
A maioria das novas infecções – mais de mil casos – foi registrada no estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste. Outras 650 foram contabilizadas no estado sulista de Baden-Württemberg e o mesmo número na vizinha Baviera.
Todos os estados alemães estão enfrentando um aumento acentuado no número de casos, principalmente nas grandes cidades. Na quinta-feira, Berlim, Frankfurt e Bremen passaram da marca de 50 infecções por 100 mil habitantes em um período de sete dias, que é o limite para que uma região seja considerada área de risco. Isso poderá levar as autoridades locais a reforçar as medidas para conter a disseminação do coronavírus.
A associação das cidades advertiu nesta sexta-feira sobre o aumento dos casos e afirmou que não é possível descartar que outras grandes cidades se tornem área de risco e de propagação descontrolada da doença. "Se não conseguirmos mais rastrear os contatos, não teremos mais a pandemia sob controle", disse o presidente da associação, Gerd Landesberg, em entrevista à emissora de televisão ZDF.
Landesberg também afirmou que as autoridades devem evitar que Berlim se torne uma "nova Ischgl", em referência à estância de esqui no Tirol austríaco que acabou se tornando um epicentro da doença, contaminando turistas do mundo todo durante a fase inicial da pandemia. Estes, por sua vez, acabaram infectando outras pessoas em seus países de origem.
O aumento repentino dos casos da doença levou as autoridades alemães de saúde a alertarem que a segunda onda da covid-19 poderá ser ainda mais grave do que a primeira, ocorrida no primeiro semestre deste ano.
A chanceler federal, Angela Merkel, disse na quinta-feira que deseja evitar a imposição de medidas de confinamento mais duras no país, como as adotadas no mês de março, durante o início da pandemia. "Não quero que uma situação como aquela se repita", disse.
A decisão de então levou a uma queda acentuada da atividade econômica e abriu caminho para o que a chanceler descreveu como uma "recessão historicamente grave". Merkel realizará nesta sexta-feira uma videoconferência com os prefeitos das 11 maiores cidades alemãs – Hamburgo, Munique, Colônia, Düsseldorf, Essen, Dortmund, Leipzig, Stuttgart, além de Berlim, Frankfurt e Bremen – para discutir a situação.
O governo alemão admitiu na quarta-feira que teme a propagação descontrolada na doença com a explosão no número de casos. "Com o aumento de casos, é fácil temer que as autoridades sanitárias cheguem à beira do abismo ou além de suas capacidades ", afirmou o porta-voz do governo, Steffen Seibert. Ele destacou que a única maneira de conter a pandemia é "identificar e quebrar as cadeias de infecção".
O presidente do RKI, Lothar Wieler, também alertou contra a expansão descontrolada do coronavírus na Alemanha. "É possível que tenhamos mais de 10 mil novos casos por dia e que o vírus se espalhe sem controle. A atual situação me preocupa muito, e não está claro como ela evoluirá nas próximas semanas", destacou.
CN/rtr/afp/ots