Alemanha, país dos supermercados barateiros
11 de fevereiro de 2004Um estudo da empresa internacional de consultoria empresarial KPMG aponta que 36% do mercado alemão de supermercados é dominado por redes barateiras, como Aldi, Lidl ou Schlecker. Numa projeção para o futuro, calcula inclusive que nos próximos cinco anos esta parcela deve crescer para 45%. Seriam os alemães os campeões mundiais de supermercados baratos?
Com certeza, responde Frank Pietersen, um dos autores do estudo da cooperativa suíça KPMG, que também tem representação no Brasil. "Na Espanha e na França, os consumidores estão dispostos a gastar mais em produtos alimentícios do que na Alemanha."
Segundo Christian Mieles, da Confederação Alemã da Indústria Alimentícia, não há outro país na União Européia (UE) em que os chamados discounters − supermercados de preço baixo − tenham tanta penetração. "A alta taxa de desemprego e a diminuição do poder aquisitivo nos últimos anos aumentaram a insegurança dos consumidores", explica Mieles.
Quem levou vantagem com isso foram as cadeias barateiras, que vêm conquistando também terreno nos países escandinavos, na Holanda e na Grã-Bretanha.
Preço, serviço, qualidade
Um comportamento tipicamente alemão, conforme o estudo, é que as redes barateiras conquistam seus clientes acima de tudo com preços baixos. Só que com isso deixam de atender à parcela dos consumidores que quer mais que preço baixo."A qualidade dos produtos e a prestação de serviços são fortemente negligenciadas", observa o estudo, apontando para uma camada da população que cresce cada vez mais na Alemanha: a dos "smart shoppers", ou seja, "consumidores conscientes", que atentam para a relação preço-qualidade-serviço antes de uma compra.
"Em pouco tempo, a metade dos consumidores poderá ser classificada nesta categoria, dos que procuram champanha pelo preço de cerveja", adverte Christian Schrahe, co-autor do estudo da KPMG.
Chances também no mercado brasileiro
O potencial de crescimento das redes de supermercados barateiros continua enorme, mas a velocidade de expansão começou a diminuir na Alemanha, constata Mieles. O bolo está dividido no país, afirma Volker Hergert, analista da Bankgesellschaft Berlin (Sociedade Bancária Berlim):
− Empresas de grande porte como a Metro voltam-se agora para a China. Também Brasil, México, Japão, Índia e Coréia do Sul são vistos como mercados lucrativos.
A concentração no mercado alimentício alemão vem atingindo acima de tudo as pequenas empresas familiares.
O número de estabelecimentos comerciais deste tipo com menos de 400 m2 de área diminuiu pela metade no país desde 1980. E, segundo os prognósticos da KPMG, eles devem desaparecer completamente do cenário urbano até 2010, para se concentrarem nas áreas afastadas dos grandes centros.