Alemanha deixará de importar petróleo russo até o fim do ano
20 de abril de 2022A Alemanha deixará de importar petróleo da Rússia até o final do ano, disse nesta quarta-feira (20/04) a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, após uma reunião com ministros dos países bálticos, em Riga, na Letônia.
"Vamos reduzir pela metade o petróleo até o verão e estaremos em zero até o final do ano. Então será a vez do gás, em um roteiro conjunto europeu, porque nossa saída conjunta, a saída completa da União Europeia, é nossa força comum", disse Baerbock, em referência ao fim das importações de combustíveis da Rússia pelo bloco europeu.
Baerbock reconheceu erros cometidos pela Alemanha no passado ao lidar com o fornecimento de energia da Rússia. "O que precisamos fazer mais do que nunca é acabar com nossas importações de energia da Rússia de uma vez por todas", disse. "Cometemos erros nessa área, mas não podemos voltar no tempo agora, não podemos desfazê-los."
O ministro da Economia, Robert Habeck, também acredita ser possível se tornar "praticamente independente" do petróleo russo até o fim do ano. No caso do gás, o governo só considera isso viável "em meados de 2024".
O governo alemão vem sendo amplamente criticado, interna e externamente, por barrar sanções conjuntas da União Europeia a combustíveis russos, devido à sua forte dependência de Moscou.
O país também vem sendo questionado por não mandar armas o suficiente e de forma ágil para a Ucrânia, sobretudo armamento pesado. Sobre esse tema, Baerbock afirmou que o governo alemão mandou mais armas a Kiev do que tornou público. "Entregamos mísseis antitanque, Stingers e outras coisas sobre as quais nunca falamos publicamente, para que essas entregas pudessem ser feitas rapidamente", disse.
Assistência militar aos países bálticos
Na reunião, a ministra também prometeu assistência aos países bálticos contra uma possível ameaça de Moscou no contexto da guerra russa contra a Ucrânia. Segundo ela, a Otan defenderá seu território de aliança e "protegerá todos os cantos".
"A Alemanha dará a contribuição necessária aqui em terra", garantiu Baerbock, afirmando que, como membros da Otan, Letônia, Estônia e Lituânia podem "confiar 100% na Alemanha". "A segurança da Europa, a segurança de todos nós, está ligada de forma indissociável à segurança dos Estados bálticos", disse Baerbock.
A ministra também afirmou que considera possível, em princípio, a entrega de veículos blindados da Alemanha para a Ucrânia. "Não é tabu", disse. No curto prazo, no entanto, as Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) não estão em condições de fornecer equipamentos desse tipo, segundo ela.
A viagem de Baerbock pelos países bálticos segue nesta quinta-feira com visita à Estônia e, na sexta-feira, à Lituânia.
Mais apoio à Ucrânia
Na sexta-feira, o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, confirmou que o governo alemão aumentará os gastos com assistência militar para 2 bilhões de euros em 2022. "Os fundos beneficiarão em grande parte a Ucrânia", escreveu Lindner, no Twitter.
A confirmação veio após a rede de televisão pública ARD revelar a informação. Segundo a emissora, mais de 1 bilhão de euros seriam destinados diretamente à Ucrânia, que poderá, se assim desejar, usar o valor para comprar armas.
Outros 400 milhões de euros iriam para o Mecanismo Europeu de Paz, um fundo extraorçamentário da União Europeia destinado ao financiamento de ações no âmbito da política externa e de segurança comum que visem preservar a paz, prevenir conflitos e reforçar a segurança internacional – dessa forma, indiretamente, o valor também poderia acabar indo para a Ucrânia.
De acordo com a ARD, os dois bilhões de euros não fazem parte da verba extra especial de 100 bilhões de euros destinada recentemente à Bundeswehr.
Embora pressionada a fornecer mais armas, o simples fato da Alemanha enviar armamento à Ucrânia já significa uma mudança de postura brusca do seu governo, que historicamente vinha se negando a enviar armas para regiões em conflito.
Até agora, a Alemanha forneceu à Ucrânia suprimentos militares, incluindo granadas, mísseis antiaéreos, metralhadoras e munições, mas não armas pesadas, como tanques, helicópteros e aviões de combate.
le/bl (Reuters, dpa, ots)