Alemanha relembra as vítimas do nazismo
27 de janeiro de 2003No ensejo da data memorial, o governo federal alemão regulamentou as relações do Estado com a comunidade judaica através de um acordo estatal, assinado nesta segunda-feira (27/1) pelo chanceler federal Gerhard Schröder e pelo presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Paul Spiegel.
O preâmbulo do documento justifica o acordo, celebrado com a "consciência da responsabilidade histórica especial do povo alemão pela vida judaica na Alemanha". O acordo fixa as bases para o fomento estatal das instituições e instalações judaicas na Alemanha, que deverão receber o triplo dos incentivos financeiros oficiais que obtinham até agora.
O chefe de governo alemão classificou o acordo estatal como um "importante sinal de confiança da comunidade judia" na sociedade e na democracia alemãs. Para Paul Spiegel, a assinatura do acordo é um fato histórico, que poderia significar até mesmo um "futuro renascimento do judaísmo na Alemanha".
Libertação de Auschwitz
A escolha do dia 27 de janeiro como data memorial não foi um acaso: neste dia, no ano de 1945, foram libertados os sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz, cujo nome tornou-se um símbolo do genocídio praticado pelos nazistas. Ele ficou ligado ao destino de milhões de pessoas proscritas, perseguidas, torturadas e assassinadas pela ditadura nacional-socialista de Adolf Hitler.
Através da perseguição sistemática, os nazistas assassinaram um total entre 5,3 e 6 milhões de pessoas (conforme fontes distintas) em toda a Europa, na sua maioria judeus. Entre as vítimas estavam também cerca de 500 mil ciganos dos grupos étnicos manuche e rom, assim como dezenas de milhares de oposicionistas, homossexuais e deficientes físicos e mentais.
Solenidade no Parlamento
Como nos anos anteriores, o Parlamento alemão realizou uma sessão plenária especial relembrando todas as vítimas do nazismo. O orador convidado foi o escritor e ex-ministro espanhol da Cultura, Jorge Semprún, que sobreviveu ao internamento no campo de concentração de Buchenwald.
A cerimônia contou também com um discurso do presidente do Parlamento, Wolfgang Thierse, e foi assistida pelo presidente alemão Johannes Rau e pelo chanceler federal Gerhard Schröder.
Participação de jovens
Cerca de 200 jovens alemães e dos países vizinhos foram convidados pelo Parlamento alemão para presenciar o ato memorial em Berlim e participar, em seguida, de um debate com Jorge Semprún e Wolfgang Thierse sobre o tema "Papel e concepção do trabalho memorial".
Além disto, foram promovidos inúmeros eventos, sobretudo em escolas, em memória das vítimas do capítulo mais sombrio na história alemã – o genocídio nazista contra os judeus e as demais vítimas.