Alemanha tem sua pior campanha olímpica desde a reunificação
11 de agosto de 2024A Alemanha encerrou neste domingo (11/08) sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris com a pior campanha desde a reunificação do país, em 1990. Ao todo, o país conquistou 33 medalhas: 12 ouros, 13 pratas e 8 bronzes. No quadro geral de medalhas, o país ficou em décimo lugar, atrás de nações europeias menores como Itália e Holanda.
A posição no ranking foi ainda pior que a dos Jogos de Tóquio de 2021, quando a Alemanha terminou em 9º lugar, até então o recorde negativo do país nos Jogos de Verão. Já nos cinco jogos realizados entre 2000 a 2016, a Alemanha apareceu entre os seis melhores colocados.
As 33 medalhas conquistadas também marcam a pior campanha em número de pódios desde a reunificação, quando pela primeira vez em décadas as antigas equipes olímpicas da Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental passaram a competir em conjunto. De novo, o total ficou atrás das 37 medalhas conquistadas em Tóquio.
O resultado também ficou bem atrás dos pódios que o país obteve nos anos 1990, como o recorde de 82 medalhas nos Jogos de Barcelona em 1992, quando a Alemanha ficou em terceiro no quadro geral. O declínio no total de pódios tem sido constante desde então. Apenas a quantidade de ouros tem variado positivamente em alguns jogos.
Em Paris, os 12 ouros conquistados pela Alemanha ficaram acima dos Jogos de Tóquio (10) e Londres (11), mas não foram suficientes para melhorar significativamente a posição do país no ranking geral.
Nos Jogos de 2024, a Alemanha obteve seus melhores resultados em esportes como hipismo (cinco medalhas, sendo quatro de ouro) e a canoagem (seis medalhas, sendo duas de ouro) e se saiu bem no atletismo (quatro medalhas, sendo uma de ouro) e se destacou em provas como futebol feminino (bronze), handebol masculino (prata) e triatlo misto (ouro).
Os jogos de Paris também marcaram um recorde pessoal para a cavaleira alemã Isabell Werth, de 55 anos, que conquistou mais duas medalhas (prata individual e ouro em equipe) e se tornou a atleta com mais medalhas em toda a história da Alemanha: 14 no total, conquistadas de 1992 a 2024.
Imprensa alemã destaca declínio olímpico do país
Os resultados desapontadores não passaram despercebidos na imprensa alemã conforme o encerramento dos jogos se aproximava. Ao todo, a Alemanha enviou 428 atletas para Paris - número semelhante ao dos jogos de Tóquio e do Rio de Janeiro. A meta da delegação alemã de ficar entre os dez primeiros colocados nos jogos foi atingida por pouco, mas comentaristas destacaram que um país com o histórico olímpico da Alemanha não deveria se contentar com apenas isso.
"O Esporte alemão em mais um ponto baixo olímpico", publicou o jornal Tagesspiegel, apontando ainda que "o esporte alemão tem muito trabalhado pela frente para os Jogos de 2028 em Los Angeles". "Mais frustração e menos medalhas", sintetizou o canal ZDF em seu site. "Alemanha pior do que nunca desde a reunificação", apontou o tabloide Bild.
Ao Tagesspiegel, Jörg Bügner, diretor de esportes da Associação Alemã de Atletismo, resumiu o problema em uma frase: "Nós escrevemos tabelas de Excel, os outros treinam - e isso não pode acontecer".
"Há uma necessidade de ação em vários níveis. Precisamos de mais técnicos e de melhores salários para eles. Estou tentando levar isso adiante há muitos anos. Ainda não conseguimos", disse Thomas Weikert, presidente da Federação Alemã de Esportes Olímpicos (DOSB), ao canal ZDF.
"As prioridades devem ser definidas na promoção do esporte de elite e, acima de tudo, metas claras e consistentes devem ser formuladas", disse à revista Der Spiegel o deputado federal Frank Ullrich, chefe da comissão de esportes no Parlamento alemão (Bundestag) e ex-medalhista olímpico (1 ouro, 2 pratas e um bronze) pela antiga Alemanha Oriental.
Ullrich, hoje com 66 anos, se mostrou especialmente frustrado com o que classificou como "meta mínima" estabelecida para Paris pela Federação Alemã de Esportes Olímpicos. "Pessoalmente, eu gostaria que a DOSB tivesse uma mentalidade diferente. Precisamos avançar", disse.
De acordo com vários especialistas e políticos entrevistados pela imprensa alemã, uma candidatura da Alemanha para os Jogos de Verão poderia ser um instrumento para dar novo impulso para o esporte alemão, como ocorreu com outras nações anfitriãs.
O governo alemão vem propagando a ideia e o chanceler federal Olaf Scholz expressou apoio a uma eventual candidatura para os jogos de 2040, que seriam realizados 50 anos depois da reunificação da Alemanha. A Alemanha não é sede dos Jogos de Verão desde 1972, quando a edição ocorreu em Munique.