Cúpula
28 de março de 2009A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou há alguns dias em Berlim que não só a Alemanha, mas todos os países da União Europeia pretendem se posicionar claramente durante o próximo encontro de cúpula do G20 em Londres.
"Só é possível reconquistar a confiança quando as pessoas nos nossos países perceberem que está havendo um esforço conjunto e que nós entendemos que precisamos aprender as lições dadas por essa crise", declarou a premiê.
Mesmo antes do encontro em Londres, os países europeus mostraram solidariedade para com as nações que foram especialmente atingidas pela crise. A União Europeia destinou 75 bilhões de euros ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para situações emergenciais. Deste montante, 15 bilhões vieram da Alemanha.
Cartilha de economia sustentável
Para Merkel, a solução está na cooperação e não no isolamento entre os países. A Alemanha pretende sugerir durante o encontro em Londres uma cartilha de "economia sustentável", a fim de evitar que prevaleçam o egoísmo e a defesa unilateral de interesses. Segundo a proposta de Berlim, deveria ser criado um controle internacional para fiscalizar a observância às regras que serão definidas para o mercado financeiro.
"Para nós é importante fortalecer as instituições internacionais, ou seja, o FMI e o Fórum de Estabilidade Financeira. Estamos falando também de atividades de alerta e vigilância. E em segundo lugar: todos os participantes do mercado financeiro, todos os produtos e todos os mercados financeiros deverão estar sujeitos a uma regulamentação", afirmou Peer Steinbrück, ministro alemão das Finanças.
As regras a serem estabelecidas deverão chegar a níveis que podem vir a incomodar os norte-americanos. Elas dizem respeito também aos controversos fundos de hedge, às sociedades de participação, às agências de rating e também aos salários dos executivos.
Paraísos fiscais
O governo alemão se tornou, principalmente em função da pressão dos social-democratas no Parlamento, um ferrenho combatente dos chamados paraísos fiscais. O ministro Steinbrück já entrou em conflito, mesmo antes do encontro do G20, com alguns dos vizinhos europeus, entre estes a Suíça e a Áustria, onde ele afirma que estão depositados grandes montantes de dinheiro oriundo da sonegação de impostos.
A maior parte dos países acusados de serem paraísos fiscais já demonstraram disposição para afrouxar o sigilo bancário. Quem não quiser cooperar deverá, segundo a vontade de Berlim, ser incluído numa "lista negra" e estará sujeito a sanções.
Contra o protecionismo
A Alemanha, maior exportador do mundo, espera do encontro em Londres uma posição clara contra o protecionismo e um fortalecimento do livre comércio internacional. O presidente da Federação Alemã de Comércio Exterior, Anton Börner, defende um novo impulso pela retomada da Rodada de Doha.
"Uma conclusão rápida [da questão] aliviaria o comércio internacional em aproximadamente 300 bilhões de dólares anuais e significaria um incentivo bem-vindo à economia mundial, que traria vantagem a todos: tanto aos emergentes, quanto aos países desenvolvidos e aos em desenvolvimento", observa Börner.
A Alemanha se posiciona claramente contra a proposta dos EUA, do Reino Unido e de outros países de injetar mais bilhões de euros do Estado na economia, a fim de reaquecer a conjuntura. O governo em Berlim afirma que a solução não está em endividar ainda mais o Estado, nem numa concorrência pelo maior pacote conjuntural.
Obviamente com pequenas exceções: o governo alemão pagará, por exemplo, por um tempo mais longo do que o previsto, o bônus estatal para quem vender um veículo com mais de nove anos de uso e adquirir um novo. Afinal, as eleições no país estão chegando.
Autor: Bernd Grässler
Revisão: Alexandre Schossler