Alemanices: Peculiaridades dos banheiros alemães
1 de dezembro de 2017Meus pais mal chegaram para me visitar na Alemanha, e o cesto de lixo do banheiro já estava cheio de papel higiênico. E é sempre assim. Não adianta explicar repetidamente que na Alemanha o destino do papel é o vaso sanitário. Basta dar a descarga.
Em geral, os vasos têm dois botões de descarga, um menor, de intensidade normal, e outro maior, com um fluxo de água mais forte. A tubulação comporta o descarte de papel higiênico. Já lenços íntimos úmidos não podem ser jogados no vaso sanitário por não se decomporem na água. Eles são removidos nas estações de tratamento de esgoto com peneiras e depois incinerados. Os custos desse trabalho se refletem na conta final de água.
Quando há um cesto de lixo no banheiro, ele é bem pequeno e serve apenas para o descarte de absorventes, cotonetes e algodões, que vão para o lixo não reciclável (Restmüll). As embalagens de shampoo vazias devem ir para o contêiner de plástico. As embalagens de papel do sabonete, por exemplo, vão para o lixo de papel. Em algumas casas, simplesmente não existe um lixo de papel para o banheiro.
Alguns vasos antigos têm uma espécie de plataforma, ou seja, a urina e as fezes ficam ali paradas e não caem diretamente na água até que se dê a descarga. Os vasos foram projetados dessa maneira no passado para que as pessoas pudessem verificar o estado das fezes. E, ainda hoje, é possível se deparar com o "vaso-plataforma".
Todo banheiro alemão – em casa, no trabalho e em locais públicos – tem uma escovinha. Quase sempre há o aviso para deixar o banheiro limpo para a próxima pessoa que for usar.
Em shoppings e restaurantes, é preciso pagar, às vezes até quando você é um cliente. Em alguns estabelecimentos, os faxineiros dependem fortemente das gorjetas. Quando vir um pires na entrada, é recomendável deixar algumas moedas. Em geral, custa 50 centavos de euro. Em estações de trem e postos de gasolina, há catracas e é preciso pagar até um euro. Alguns desses vasos sanitários são autolimpantes.
O cuidado com o banheiro depende de todos. Na Alemanha, há a cultura de os homens fazerem xixi sentados. E as crianças aprendem que é assim desde cedo. Tudo para evitar gotas e respingos na privada e colaborar com a limpeza.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África é mestre em direitos humanos e tem prêmios jornalísticos na área.
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