Alemanices: Self-service de flores
25 de agosto de 2017O campo está repleto de lírios, girassóis e tulipas. Há uma placa com a indicação "Blumen zum selbst schneiden” (Flores para colher) em frente às fileiras coloridas, assim como ferramentas de jardim. Logo embaixo fica a caixa da confiança (Vertrauenskasse). É ali que você coloca as moedas para pagar por cada flor colhida. E ninguém faz o controle do valor depositado.
Campos de flores como esse, na Renânia do Norte-Vestfália, estão espalhados por toda a Alemanha. O self-service de flores é baseado na confiança. Você pode formar o seu buquê com quantas flores quiser e contribuir com o trabalho dos produtores.
A placa indica o preço de cada flor. Lírios e gladíolos custam 70 centavos de euro cada, e os girassóis e as dálias, 30 centavos de euro cada. É possível passar o dia todo nos campos colhendo quantas flores quiser. É só fazer o cálculo e colocar o valor na caixinha. Por isso, não se esqueça de levar moedas.
Os produtores só esperam que o cuidado e o trabalho seja recompensado. E confiam que os clientes vão valorizar o esforço e pagar pelas flores. Campos de maçãs, morangos, ameixas e cerejas têm um sistema parecido, mas com um controle maior. Geralmente há alguém para pesar as frutas e cobrar o valor correspondente.
Para colher flores, é recomendável levar uma tesoura de jardim, faca ou canivete, mas alguns produtores oferecem o instrumento gratuitamente. Os campos ficam geralmente na beira da estrada e geralmente permanecem abertos para colheita entre julho e outubro.
Além de ser um passeio para o fim de semana ou uma forma de encurtar a cadeia de consumo, colher nos campos garante flores frescas com cores mais vivas e que duram mais tempo que as compradas em supermercados e lojas.
As placas nos campos indicam o motivo principal para colher, pagar e confiar: "Nur bezahlte Blumen bringen Freu(n)de!" – "Apenas flores pagas trazem alegria (Freude) e amigos (Freunden)".
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há quatro anos na Alemanha.