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Alemães ainda escondem bilhões em marcos

av18 de dezembro de 2002

O euro está próximo de seu primeiro aniversário, porém ainda não encontrou um lugar no coração e na mente da população da Alemanha.

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Euro, ainda sem vida própriaFoto: EZB

Quase um ano após a introdução da moeda única européia, 76% dos consumidores alemães ainda fazem suas contas em marco e pfennig. Apenas um quarto já se sente familiarizado com o euro, a ponto de não precisar de uma conversão mental para avaliar o custo de um artigo. Estes dados provêm de um estudo do Instituto Polis de pesquisa de opinião. O pior: em comparação com uma enquete similar, realizada em maio deste ano, os números só melhoraram cerca de um ponto percentual.

O sexo parece influenciar a rapidez com que a nova moeda foi aceita: enquanto 29% dos homens só pensam em euro, apenas 20% das mulheres conseguem passar sem a "muleta" do marco. Outro fator é o grau de instrução: 83% da população de ensino médio completo ainda apela para a moeda extinta, contra apenas 69% daqueles com nível universitário. Por sua vez, a diferença entre os entrevistados com ou sem atividade profissional é menos gritante: respectivamente 22% e 27% já se adaptaram plenamente ao euro.

O adeus ao marco alemão foi mais fácil para os jovens. Exatamente a metade da população entre 14 e 19 anos nem pensa mais no passado monetário. Até os 29 anos, a taxa cai para 31%; dos 30 aos 39 anos, é de 21%; e na faixa etária seguinte, apenas 20% fazem contas em euros. Aqueles entre 50 e 59 anos são os mais dependentes do marco: apenas 16% passam sem a referência a ele no dia-a-dia, contra surpreendentes 24% dos que têm mais de 60 anos.

Tesouros escondidos

Porém, a julgar por informações do Bundesbank, esse apego dos alemães à antiga moeda está longe de ser apenas emocional: 45% das moedas e 3,6% das cédulas de marco ainda não foram trocadas por euros. Isto equivale a um total de 8,75 bilhões de euros, ou 17,11 bilhões de marcos. Segundo o Banco Central alemão, a maior parte desta soma deverá permanecer fora de circulação, já que sobretudo as moedas se tornaram peças de colecionador ou são guardadas como recordação.

Uma campanha publicitária da firma C&A revelou pelo menos a ponta desse iceberg: desde 30 de novembro, as filiais alemãs passaram a aceitar a moeda extinta. Os resultados superaram todas as expectativas: desde então, a multinacional da moda efetua em marcos entre 5% e 10% de seu faturamento diário.

De início havia timidez por parte dos clientes, que se sentiam obrigados a apresentar desculpas para o fato de ainda possuir tantos marcos. Uma jovem alegou, por exemplo, trabalhar num lar para idosos e estar vindo comprar "umas roupas" a pedido de uma certa senhora. Mas logo as pessoas passaram a chegar com cofrinhos e frascos abarrotados de moedas. Surpreendente é seu grau de desinformação, apesar dos vários meses de campanhas informativas que antecederam a entrada em circulação do euro.

O gerente da filial da C&A em Colônia relata alguns casos pitorescos. Como o de um rapaz com uma cédula de 20 marcos que vira um homem jogar na lata de lixo, possivelmente por não saber que ela ainda era válida. Uma outra cliente trouxe vários maços de dinheiro que encontrara num armário de sua mãe, perfazendo respeitáveis quatro mil marcos. Uma semana antes, outra cliente se apresentara com 20 mil marcos, divididos em pacotinhos de 100 marcos. Neste caso, porém, foi encaminhada pela vendedora ao Banco Central do estado.