Merkel vence, mas precisa de novo parceiro para governar
23 de setembro de 2013A União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, chegou perto, mas não conseguiu nas eleições deste domingo (22/09) obter a maioria absoluta no Bundestag (câmara baixa do Parlamento), resultado que lhe permitiria governar sem a necessidade de uma coalizão.
Com 41,5% dos votos, cifra mais que sete pontos superior à de 2009, a CDU e sua aliada bávara União Social Cristã (CSU) obtiveram porém uma grande vitória eleitoral, suficiente para dar a Merkel um terceiro mandato. E nos próximos dias abrirão negociações com o Partido Social-Democrata (SPD), que teve 25,7%, e com o Partido Verde, que conseguiu 8,4%, para formar um governo.
"Muito provavelmente as negociações de coalizão serão conduzidas entre nós", disse Merkel, durante um debate na TV logo após o fechamento das urnas, em referência aos verdes e social-democratas. "Eu vejo os próximos quatro anos diante de mim e posso prometer que teremos muito o que fazer em casa, na Europa e no mundo."
Como os verdes, durante a campanha, vinham se posicionando contra uma aliança com a CDU, a opção que se anuncia como mais provável é uma nova edição da chamada "grande coalizão", que sustentou o primeiro governo Merkel, entre 2005 e 2009.
"A situação está incerta. O SPD prefere não especular sobre como poderá ser o novo governo", disse Peer Steinbrück, candidato dos social-democratas à chancelaria federal. "A bola está com Merkel."
Eurocéticos chegaram perto
A atual coalizão de governo era formada pela CDU, CSU e o Partido Liberal Democrático (FDP), que nas eleições deste domingo conseguiu apenas 4,8% dos votos e ficou sem representação parlamentar – são necessários pelo menos 5% para entrar no Bundestag. É a primeira vez na história que os liberais não conseguem a margem mínima para estar no Legislativo.
"É claramente o pior resultado que já tivemos. É um momento difícil para o FDP e, como seu principal candidato, eu assumo a responsabilidade por isso", disse o liberal Rainer Brüderle.
A única possibilidade de Merkel deixar o poder seria diante de uma cooperação entre as três maiores forças da oposição – o SPD, o Partido Verde e o partido A Esquerda, que obteve 8,6% dos votos. Mas a opção foi categoricamente descartada pelo próprio Steinbrück, já que esta última legenda é formada por antigos dirigentes da Alemanha comunista e por dissidentes do SPD.
Uma das grandes surpresas da eleição foi o partido eurocético Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve 4,7% dos votos e quase entrou no Parlamento. Mais de 60 milhões de alemães estavam aptos a votar, e o comparecimento às urnas ficou em 71,5%, superior aos 70% de 2009, o menor da história.