Alemães passam férias no próprio país
5 de agosto de 2004Os alemães continuam gostando de viajar. Nada mudou neste sentido, mesmo que o preço da gasolina esteja nas alturas e uma ou outra reforma do governo alemão pese no bolso da população. E desde sempre o próprio país tem sido o destino de viagem mais cobiçado dos alemães, mesmo que o mar azul e o sol do sul sejam tentadores e as passagens de avião em parte não custem muito mais que uma corrida de táxi.
Para todas as viagens com mais de um pernoite, a Alemanha foi o destino de 60% dos turistas nacionais. Quanto a viagens breves, de até três diárias, a cota chegou a 83%, conforme indicou uma pesquisa da Central Alemã de Turismo em Frankfurt. Isso representa uma verdadeira alegria para os municípios, com seus cofres cronicamente vazios; e os lugares que oferecem atividades esportivas e de wellness são mais bem cotados ainda.
Turista móvel
Todavia, os hotéis, colônias de férias e pensões não podem apostar todas as cartas numa clientela fixa. Sobretudo as jovens famílias mudam freqüentemente de destino de férias. Entre as famílias entrevistadas, metade daquelas com filhos menores de 14 anos declararam que "não existe coisa pior do que viajar sempre para o mesmo lugar e ficar no mesmo hotel". Até entre a clientela de mais de 60 anos, tradicionalmente formada por "hóspedes fiéis", um terço das pessoas costuma passar férias cada vez em um lugar diferente. Portanto, a fortuna gasta em férias se distribui bem entre todo o país.
Na Alemanha, o turismo é um dos setores que movimentam mais dinheiro, ao lado da indústria automobilística e da indústria eletrônica. No ano passado, seu faturamento chegou a 140 bilhões de euros, incluindo o movimento de turistas estrangeiros.
Contra corte de feriados
O setor turístico emprega 2,8 milhões de pessoas. Não é de se admirar, portanto, que certos debates políticos que possam prejudicar têm grande repercussão no setor. Um exemplo disso foi a recente discussão sobre o prolongamento da jornada de trabalho. A sugestão de reduzir as férias dos trabalhadores foi recebida com indignação por todos os que vivem de turismo. Afinal, se um dia de férias fosse cortado, haveria um milhão de diárias a menos e uma queda de faturamento de 70 milhões de euros.
É por isso que as federações de turismo criticaram com rigor o empresariado e suas exigências de sobrecarregar os trabalhadores com uma carga maior de trabalho. Afinal, sobretudo em regiões que recebem mais turistas nacionais, o eventual corte de férias ou feriados teria graves conseqüências. Para o setor, medidas semelhantes não contribuiriam em nada para uma recuperação da economia, muito pelo contrário.
De qualquer forma, o orçamento dos alemães para férias é mais reduzido este ano que na última temporada. Quase um terço da população pretende ou tem que gastar menos com férias em 2004. Mesmo que as perspectivas da conjuntura estejam melhorando gradativamente, os consumidores alemães não só estão comprando menos, como estão passando férias mais modestas.