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Alemães tendem cada vez mais ao populismo, diz estudo

2 de outubro de 2018

Pesquisa aponta crescimento no número de cidadãos com tendências populistas, sobretudo no "centro" da sociedade: eles já somam quase um terço do eleitorado. Mas partidos tradicionais ainda podem captá-los.

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Manifestação da legenda populista de direita AfD na Saxônia
Ascensão do partido AfD evidencia crescente eleitorado populistaFoto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert

Os eleitores alemães estão cada vez mais propensos ao populismo, constata o estudo Populismusbarometer 2018 (Barômetro do Populismo 2018), divulgado nesta segunda-feira (01/10) pela Fundação Bertelsmann.

A pesquisa aponta que 30,4% dos entrevistados, ou seja, quase um terço dos eleitores, apresentam tendências populistas. A cifra representa um aumento de 1,2 ponto percentual em relação ao levantamento do ano passado.

Ao mesmo tempo, o número de eleitores que não apresentam pontos de vistas explicitamente populistas diminuiu de 36,9% para 32,8% (4,1 pontos percentuais) em relação à pesquisa de 2017. No mesmo período, o grupo de eleitores que afirmou não pertencer a nem uma das alas aumentou três pontos percentuais, para 36,8%.

O estudo define populismo como uma ideia iliberal de democracia que, a partir da diferenciação entre "um verdadeiro povo" e uma "elite corrupta" voltada a seus próprios interesses, considera a existência de uma "vontade popular" unificada. Essa corrente, dizem os autores, se manifesta geralmente com bandeiras anti-establishment, pró-soberania do povo, antipluralista e avessa a compromissos políticos. Ela pode pode se encaixar em ideologias de esquerda e direita.

O catálogo de perguntas da pesquisa determinou se e em que medida essa atitude está presente no eleitorado.

"No quadro geral, mostra-se um crescente eleitorado propenso ao populismo na Alemanha", explica o estudo, que diz que isso vale principalmente para o "centro" da sociedade.

"O volume e a intensidade de posições populistas se intensificaram principalmente no centro da sociedade. Em termos de política partidária, os extremos políticos foram os que lucraram com isso", diz Robert Vehrkamp, especialista em democracia da Fundação Bertelsmann e coautor do estudo.

Vehrkamp afirma ainda que isso é evidenciado principalmente pela legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), hoje maior força de oposição no Parlamento alemão e cujo crescimento já vem sendo captado por pesquisas de opinião.

Mas também para esse partido há limites, enfatizam os pesquisadores. Segundo eles, quase dois terços dos eleitores alemães (69,6%) continuam a não apresentar, de forma explícita ou não, tendências populistas. Além disso, as pesquisas apontam que 71% dos alemães não votariam "de forma alguma" na AfD.

"Apesar do aumento nas pesquisas, nenhum outro partido é tão maciçamente rejeitado pelos eleitores quanto a AfD", diz Vehrkamp.

Os pesquisadores constatam ainda que os eleitores propensos ao populismo ainda podem ser alcançados pelos partidos tradicionais. Posicionamentos, por exemplo, nas áreas de "redistribuição de impostos" e "habitação" serviriam especialmente como "temas-ponte" entre o eleitorado populista e não populista, apontam os autores.

As estimativas do Barômetro do Populismo são baseadas em duas pesquisas encomendadas ao instituto de opinião Infratest-dimap em maio e agosto, das quais participaram, em cada uma, cerca de 3.400 eleitores.

CA/rtr/kna/afp

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