Alerj aprova abertura de impeachment contra Witzel
10 de junho de 2020O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), deu seu aval na tarde desta quarta-feira (10/06) para a abertura de processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel (PSC). A decisão ocorreu após uma votação simbólica realizada por videoconferência, na qual 69 dos 70 deputados da Casa se posicionaram pela abertura do processo. Witzel não contou sequer com o apoio de parlamentares do seu próprio partido.
A decisão de abrir um processo de impeachment cabia exclusivamente a Ceciliano, mas ele decidiu consultar os deputados. Ao todo, Witzel já havia sido alvo de 14 pedidos de impedimento.
A votação na Alerj ocorre duas semanas após a Polícia Federal cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao governador do Rio de Janeiro. A ação, batizada de Operação Placebo, foi desencadeada para apurar a suspeita de desvios de recursos destinados ao combate à epidemia de coronavírus no estado do Rio.
Segundo a PF, as investigações indicaram a existência de um esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha, além de servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do estado. A investigação teve início em abril.
Após a operação, a relação de Witzel com a Alerj se desgastou ainda mais na semana seguinte, quando o governador exonerou vários secretários, entre eles André Moura, que ocupava a Casa Civil e era responsável pela interlocução política com a assembleia.
A aprovação da abertura do processo não implica no afastamento imediato do governador. Pelo rito da Alerj, será formada uma comissão para analisar se a denúncia deve ser aceita. O governador terá prazo de dez sessões para se defender. A comissão então deverá elaborar um parecer e os deputados devem votar pelo recebimento ou não da denúncia.
Se a maioria for favorável ao prosseguimento do rito, Witzel será afastado temporariamente. Só a partir daí será formado uma espécie de tribunal misto, formado por deputados e desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio. Caberá a esse colegiado decidir ou não pelo afastamento definitivo do governador.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, muitos deputados encaram a abertura do processo como um "recado” para que o governador melhore sua relação com a Alerj, e não como o início de uma estratégia para afastá-lo de vez.
JPS/ots
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