ONGs criticam
31 de maio de 2008Organizações ambientais internacionais fizeram uma avaliação negativa da 9ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, realizada esta semana em Bonn. Em alguns pontos, houve pequenos avanços; em outros, permanece a estagnação. Um fracasso absoluto pôde ser evitado graças à iniciativa alemã, ressalvaram as organizações não-governamentais presentes na conferência.
Entre outras críticas, os ambientalistas lamentam que os recursos para a preservação das florestas tropicais sejam insuficientes e que os países participantes da conferência não tenham empreendido nada para limitar a produção de biocombustível.
Na avaliação do Greenpeace, a conferência revelou a paralisia da comunidade internacional diante do desafio de proteger a natureza e a biodiversidade. "Somente no âmbito de preservação marinha e no combate à biopirataria houve avanços importantes." O WWF também reconheceu alguns progressos durante a conferência, mas lamentou a falta de uma grande ruptura.
O principal problema – na visão de Martin Kaiser, coordenador do Greenpeace na Alemanha – é a grave escassez de recursos para a proteção global da biodiversidade. "Com exceção da Alemanha, nenhum dos países do G8 se empenhou em levantar dinheiro para a preservação das florestas tropicais", reclamou ele.
Diversos assuntos adiados para 2010
As organizações ambientais não deixaram de reconhecer as boas novas da COP9. A conferência acertou, por exemplo, um plano para negociar um acordo sobre a o aproveitamento de recursos naturais provindos dos países mais pobres. Quanto à biopirataria, os ambientalistas acham que a conferência de Bonn deixou a desejar. Um eventual acordo para conter a biopirataria foi adiado para 2010.
Na avaliação da organização alemã Bund (Federação de Meio Ambiente e Proteção Ambiental da Alemanha), a conferência deixou de atingir sua principal meta, ou seja, pôr fim à extinção de espécies até 2010. "Mas algumas coisas foram encaminhadas", pondera o presidente da Bund, Hubert Weiger, "e o governo alemão tem tempo de implementá-las até a conferência de 2010 no Japão". "Se os países não entrarem em acordo no Japão, a batalha pela manutenção da biodiversidade estará perdida", adverte ele.
Plano global em vez de ações pontuais
Um bom começo, no parecer das organizações ambientais, foi o financiamento das áreas florestais protegidas, graças à iniciativa alemã. No entanto, o cálculo de 30 bilhões de euros anuais para tal finalidade necessariamente requer a adesão de outros países. Isso dependeria de o G8 aprovar mais verbas.
O WWF se mostrou satisfeito com a planejada demarcação de áreas protegidas em diversos países. No entanto, a organização alertou que o mundo não pode ser salvo pedaço por pedaço, mas requer urgentemente um plano global.
Para a Nabu (Federação de Proteção Ambiental Alemanha), a maior decepção da conferência foi no âmbito da conservação florestal. "Há quatro anos, a comunidade internacional já tinha decidido criar mais áreas protegidas e liberar recursos suficientes para tal", lembrou o presidente da Nabu, Olaf Tschimpke.
Quanto à devastação da natureza pela produção de biocombustível, não houve progresso nenhum, conforme avalia o Greenpeace. "Sobretudo o Brasil continua se recusando a aceitar uma limitação do cultivo de áreas para biocombustível, uma medida fundamental para impedir o desmatamento."