"Animais fantásticos": universo de Harry Potter de volta
16 de novembro de 2016No original ou em português, Animais fantásticos e onde habitam é bem desajeitado como título: pouco tem a ver com feitiçaria e mágica, evocando, antes, uma enciclopédia. E, de fato, a base para o primeiro roteiro cinematográfico da autora inglesa J.K. Rowling é um tratado lido por Harry Potter.
Em 1926, 70 anos antes do ingresso do aprendiz de feiticeiro na Escola de Magia de Hogwarts, o jovem magizoólogo (ou seja, especialista em animais fantásticos) Newt Scamander (Eddie Redmayne) só está de passagem por Nova York. Sua única bagagem é uma mala marrom, onde esconde os objetos de sua pesquisa.
É claro que alguma coisa tem de dar errado: as fivelas da mala mágica se abrem, e os bichos mitológicos escapam, espalhando o caos por toda a cidade. O pavimento é revirado por forças invisíveis, sob um lago congelado nadam monstros fluorescentes, um híbrido de toupeira e ornitorrinco saqueia joalherias.
De Newt a Harry
Com tantos acontecimentos inexplicáveis na metrópole, o Congresso de Magia dos Estados Unidos fica em polvorosa. Paira a ameaça de uma guerra entre os magos e os seres humanos, pois estes estão cada vez mais desconfiados. Segundo Rowling, a criadora desse universo fantasioso, essa é "a primeira vez que um bruxo cresce e coloca em risco a ordem do mundo".
Um pouco mais tarde, Scamander escreve o tratado que dá nome ao filme. E aqui Harry Potter entra em cena, pelo menos indiretamente: Fantastic beasts and where to find them (o título original) é um dos livros que ele comprará para seu primeiro ano escolar em Hogwarts, sete décadas mais tarde.
Alvo Dumbledore também faz uma ligação entre a nova película e a saga de Potter. Já na década de 1920, o grande bruxo e futuro diretor da Escola de Higwarts se engajava pelos marginais, e defende Scamander, o qual já pusera vidas humanas em perigo com suas feras selvagens antes, na Inglaterra.
Acompanhando as gerações de fãs
Tímido, com seus cabelos desgrenhados e breves frases balbuciadas, Scamander está justamente na mesma fase da vida que os leitores de Harry Potter. Em início de carreira, porém curioso em relação ao mundo, ele viaja, pesquisa e descobre.
Assim como Potter, amadureceu junto com seus admiradores, agora estes têm a chance de se identificar com os antecessores do herói de Rowling. Ou com Porpentina Goldstein, a bela jovem que trabalha no Congresso de Magia (Katherine Waterston) e vira a cabeça de Newt.
Vinte anos depois de criar um mundo que motivou tantas crianças a lerem pela primeira vez, acompanhando-as durante anos, sem se tornar monótono ou superado, com Animais fantásticos e onde habitam J.K. Rowling retoma onde Harry Potter terminou, escrevendo para os jovens adultos que ainda ficam nostálgicos ao pensar em Hogwarts.
Neste novo lançamento, dirigido por David Yates, até mesmo a trilha sonora evoca os temas, entre sinistros e fulgurantes, dos filmes de Potter. Rowling pretende lançar toda uma nova série, e um total de cinco filmes girando em torno de "animais fantásticos" já está anunciado.
Da Inglaterra à metrópole das catástrofes
A narrativa foi possivelmente transportada para Nova York pelo fato de a cidade estar tão associada a cenários de catástrofe. Monstros em Godzila, alienígenas em Independence Day, cometas em Impacto profundo, inundações e gelo em O dia depois de amanhã: vida real à parte, cinematograficamente a metrópole americana já foi destruída incontáveis vezes. Agora é a vez dos "animais fantásticos".
Além disso, a Nova York dos anos 20 fornece um glamouroso pano de fundo. A era do jazz, da moda moderna, da elegância fornece um visual impressionante, devidamente complementado por varinhas mágicas, utensílios de cozinha voadores, os relógios do Congresso de Magia. E, de quebra, o filme traz Colin Farrell, como um melancólico Auror, ou caçador de bruxos das trevas, e Johnny Depp, num papel secundário, de vilão.
Dois dias depois da estreia europeia, em Londres, Animais fantásticos e onde habitam será lançado no Brasil e na Alemanha nesta quinta-feira, 17 de novembro.