Embaixadas em Bonn
28 de novembro de 2009Os mastros vazios servem de guia no antigo bairro das embaixadas em Bonn. São sinais inconfundíveis de que ali funcionava uma representação diplomática. Por vezes, encontram-se diante de prédios com fachadas já descascadas, por outras diante de jardins tomados por ervas daninhas.
Mas também acontece de estarem diante de verdadeiras mansões no estilo Gründerzeit, fielmente restauradas conforme os critérios vigentes no período posterior à Revolução Industrial na Alemanha, e hoje ocupadas por escritórios de advocacia, consultórios médicos ou simplesmente famílias.
Séquito dispendioso
Quando o séquito governamental foi transferido para Berlim em 1999, nem todas as representações diplomáticas o acompanharam imediatamente. Para alguns Estados africanos, por exemplo, isso era simplesmente caro demais, o que os levou a permanecer a princípio na região renana.
A Embaixada de Serra Leoa, por exemplo, mudou-se para Berlim há apenas algumas semanas. Ele era definitivamente a última embaixada em Bonn, segundo o jornalista e guia turístico Michael Wenzel.
Ele conhece a história de praticamente todas as construções na região sul da antiga capital alemã. Sabe onde ficava o setor cultural da Embaixada da Arábia Saudita, onde se encontrava o setor de assuntos sociais da Embaixada da Espanha, onde eram as representações diplomáticas da Itália e de Israel, por exemplo.
Imóveis difíceis
Ele lembra que para muitos prédios ainda não foram encontrados compradores ou inquilinos. "Antigas embaixadas são imóveis difíceis", explica Wenzel. "Hoje ainda há em Bonn 24 embaixadas vazias." Só há poucos meses foi vendido o prédio de tijolos aparentes que abrigava a Embaixada da Tailândia. As negociações com o monarca tailandês, rei Bhumibol, e seus encarregados duraram anos, enquanto o edifício aos poucos se deteriorava.
Até agora, a África do Sul não conseguiu vender nem o prédio de sua antiga embaixada nem a residência do embaixador – "uma história de azar, falências e panes", declara o guia turístico.
Por outro lado, a antiga Embaixada de Portugal, uma pérola localizada nas proximidades do Reno, já está há muito tempo nas mãos de particulares. No prédio onde residia o embaixador da Coreia do Sul, idosos vivem hoje em ambiente nobre. A antiga representação diplomática soviética, que se tornou em seguida a Embaixada da Rússia, é ocupada hoje por um suntuoso Consulado Geral – o maior do mundo, alegam.
Esplendor perdido
Por motivos políticos, alguns imóveis parecem condenados a continuar eternamente ermos. Desde o desmantelamento da Iugoslávia, ninguém sabe o que vai acontecer com o prédio de sua antiga embaixada.
"O Ministério alemão do Exterior tem de encontrar uma solução com os países oriundos [da antiga Iugoslávia]", explica Wenzel. Mas, por motivos compreensíveis, esse problema não encabeça necessariamente a lista de prioridades.
Entrementes, a ruína mais conhecida da Alemanha é a antiga Embaixada do Irã. Os ornamentos azuis de sua fachada desbotaram e seu interior é habitado somente pelo bolor.
Um cenário perigoso, conta Wenzel. "Por motivos de segurança, não se pode mais entrar no edifício, que está tão deteriorado quanto as relações diplomáticas entre a Europa e o Irã. Meu palpite é que algum dia ele vai desabar e o problema estará resolvido", acrescenta ironicamente.
Outro destino teve o prédio dos franceses, que lentamente vinha sendo coberto por ervas daninhas, mas que agora encontrou um investidor.
Atrações turísticas à parte
Juntamente com a associação particular Marketing Urbano de Bad Godesberg, Wenzel organiza os passeios pelas embaixadas. De falta de interesse, ele não pode se queixar. Pelo contrário: passeios a pé e de ônibus já estão esgotados com meses de antecedência.
Os visitantes vêm de toda a Alemanha, mas também dos vizinhos europeus. Uma atração turística à parte é a antiga Embaixada da Síria, que de vez em quando abre suas portas a turistas. Por dentro, ela ainda reluz com o efeito quase fantástico de seu esplendor oriental.
Turistas se deixam impressionar. "Quem diria que Bonn ainda é tão interessante", dizem.
Autora: Cornelia Rabitz (ca)
Revisão: Rodrigo Rimon