Arquitetura
2 de abril de 2007Com o lançamento de sua pedra fundamental, nesta segunda-feira (02/04), o novo prédio da Filarmônica de Hamburgo substituirá o antigo Armazém do Imperador, localizado na entrada do porto da cidade até ser destruído durante a Segunda Guerra Mundial, como um dos principais cartões postais da cidade à foz do Rio Elba.
E o nome da filarmônica não poderia ser outro: Filarmônica do Elba. Segundo seus promotores, ela não só promete ser uma das dez melhores salas de concerto do mundo, mas também um complexo cultural e de moradia, abrigando, além das salas de concertos, um hotel de cinco estrelas e um prédio residencial.
O projeto arquitetônico é da dupla de arquitetos suíços Herzog & de Meuron, responsáveis, entre outros, pelo estádio Allianz Arena de Munique e pelo Estadio Olímpico de Pequim que será utilizado durante a Olimpíada de 2008.
Um lugar especial
Na ponta de entrada do porto de Hamburgo onde será localizada a Filarmônica, estava o assim chamado Armazém do Imperador, construído em 1875 e um dos símbolos da cidade até sua destruição na Segunda Guerra.
Com seu imenso relógio incrustado na torre neogótica, ele era passagem obrigatória de todos os navios que entravam no porto de Hamburgo.
O Armazém do Imperador foi reconstruído entre 1963-65 pelo arquiteto Werner Kallmorgen e se tornou um clássico da arquitetura industrial contemporânea. Como base do prédio da Filarmônica, ele não sofrerá grandes modificações externas e será utilizado, principalmente, como edifício-garagem para mais de 500 automóveis.
Urbanisticamente, o prédio da Filarmônica funcionará como eixo de ligação entre Hamburgo e o porto, devendo se tornar peça fundamental para a renovação da cidade portuária. O custo de construção de cerca de 240 milhões de euros se justifica assim por sua utilização como "projeto âncora" de renovação urbana.
O leve e o pesado
A Filarmônica propriamente dita repousa sobre o prédio do Armazém do Imperador como uma estátua envidraçada sobre um pedestal. Deste ponto de vista, o projeto não é tão revolucionário como parece. Sua peculiaridade fica por conta do telhado com clarabóias em forma de ondas, sob o qual se encontra o hotel com 220 quartos.
As aberturas que se vêem na fachada funcionam como ventilação e terraço para os cerca de 50 apartamentos voltados para o oeste do edifício. Através da fachada de vidro, pode-se ver também o foyer da sala de concertos, planejada para 2150 espectadores.
Diferentemente da maioria das outras salas espalhadas pelo mundo, orquestra e maestro se encontram no centro do espaço de apresentação. Uma outra sala menor, projetada para 550 visitantes, segue o esquema ortogonal tradicional. A Filarmônica deverá estar pronta em meados de 2010.
Ornamento e decoração
Segundo o ranking da revista especializada Baunetz, o escritório da dupla Herzog & de Meuron, com sede na cidade suíça de Basiléia, está hoje entre os cinco mais renomados escritórios de arquitetura do mundo.
Entre outros projetos, eles são os responsáveis pelo estádio Allianz Arena de Munique, Estádio Olímpico de Pequim e pelo edifício da Tate Modern em Londres.
A dupla ficou conhecida, a partir dos anos de 1990, pelo tratamento dado às fachadas de seus projetos, retomando assim um dos temas mais discutidos da arquitetura depois do advento do modernismo: a questão do ornamento.
Como forma de proteção solar, os pontos brancos impressos como serigrafia na fachada da Filarmônica reafirmam a marca registrada de Herzog & de Meuron: confundir ornamento – explosão de força originária da lógica construtiva, como afirmava o crítico Heinrich Wölfflin – com decoração.