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Ao lado de Patriota, Kerry defende espionagem dos EUA

13 de agosto de 2013

Secretário de Estado diz que inteligência americana busca apenas proteger cidadãos e deixa claro que programa da NSA continuará. Ministro brasileiro cobra fim da prática, que segundo ele pode abalar relação bilateral.

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Foto: picture-alliance/dpa

Em sua primeira visita ao Brasil no cargo, o secretário de Estado americano, John Kerry, frustrou quem esperava um tom mais brando para, de alguma forma, minimizar o mal-estar diplomático entre os dois países. Nesta terça-feira (13/08), ao lado do chanceler Antonio Patriota, ele não só defendeu o sistema de espionagem online dos Estados Unidos, como deixou claro que o governo Barack Obama não pretende interrompê-lo.

“Achamos que nosso serviço de inteligência protege a nossa nação, assim como outros povos. Continuaremos a fazê-lo”, disse Kerry, em entrevista coletiva em Brasília, antes de ser recebido pela presidente Dilma Rousseff no Planalto. "Nossas atividades são respaldadas por lei."

As denúncias de que Agência de Segurança Nacional americana (NSA, em inglês) teria espionado em larga escala e-mails e telefonemas de cidadãos e instituições brasileiros geraram uma forte reação do governo Dilma, que pediu explicações à Casa Branca e, junto com seus parceiros do Mercosul, chegou a levar o caso às Nações Unidas.

Kerry defendeu o direito brasileiro a esclarecimentos, mas, ao mesmo tempo, cobrou compreensão. "Vamos continuar a ter esse diálogo para ter certeza que seu governo entenda perfeitamente e esteja de acordo com o que precisamos fazer para garantir a segurança não apenas para os americanos, mas para brasileiros e para as pessoas no mundo", afirmou.

As espionagens realizadas pela NSA estiveram no centro das discussões na visita de Kerry ao Brasil
As espionagens realizadas pela NSA estiveram no centro das discussões na visita de Kerry ao BrasilFoto: picture-alliance/dpa

"Explicações não bastam"

Segundo o secretário de Estado, o esquema de espionagem foi adotado após os atentados do 11 de Setembro e busca evitar que “inocentes sejam mortos”. Ele tentou minimizar o impacto das denúncias nas relações bilaterais e disse ser preciso “enxergar adiante”, observando a parceria entre Brasil e EUA.

Patriota, por sua vez, também não baixou o tom. O ministro das Relações Exteriores disse ser preciso "acabar com as práticas que atentam contra a soberania". Afirmou, ainda, que "a intercepção eletrônica" é um "novo desafio" para as relações bilaterais e que "não bastam as explicações", mas sim pôr fim à prática.

"Esclarecimentos não são um fim em sim mesmo. Ouvir esclarecimentos não significa aceitar o status quo. Precisamos descontinuar práticas atentatórias à soberania, às relações de confiança entre os Estados e violatórias das liberdades individuais que nossos países tanto prezam", frisou.

Patriota assinalou também que, caso as questões não sejam resolvidas de modo satisfatório, "corre-se o risco de se projetar uma sombra de desconfianças" sobre a cooperação bilateral. Segundo o ministro, canais técnicos e políticos estão abertos, e uma comissão técnica deve ir a Washington para discutir o assunto.

RC/ abr/ efe/ rtr