Ao menos 27 migrantes morrem em naufrágio no Canal da Mancha
25 de novembro de 2021O naufrágio de uma embarcação que cruzava o Canal da Mancha, em direção ao Reino Unido, resultou na morte de 27 pessoas nesta quarta-feira, (24/12), perto da costa de Calais, no norte da França.
Entre as vítimas do naufrágio estão cinco mulheres e uma menina. Inicialmente as autoridades divulgaram 31 mortos, mas o número foi mais tarde revisado.
As prováveis causas da tragédia ainda são investigadas pelas autoridades, que não divulgaram a nacionalidade das vítimas. Segundo as primeiras informações das equipes de resgate, o desastre aconteceu em um pequeno bote inflável, de pouca estabilidade.
Segundo o governo francês, duas pessoas foram resgatadas e quatro suspeitos de tráfico humano foram presos.
O naufrágio aconteceu em meio a um aumento da tensão migratória em Calais e suas regiões próximas, depois de picos registrados em 2015 e 2016. Neste ano, 24.655 pessoas tentaram cruzar o Canal da Mancha de maneira irregular.
O balanço dessa tragédia supera sozinho o número total de mortes no Canal da Mancha registrado nos últimos anos. Antes desse naufrágio, o balanço de 2021 era de três mortos e quatro desaparecidos. Em 2020, seis pessoas perderam a vida e outras três desapareceram. Em 2019 foram registrados quatro mortos.
Ao longo de todo ano de 2020, 9.551 migrantes ilegais tentaram realizar a travessia. Já em 2021, até 20 de novembro, 31.500 migrantes saíram das costas francesas desde janeiro e 7.800 foram resgatados. Mais de 22 mil conseguiram chegar ao Reino Unido.
O primeiro-ministro da França, Jean Castex, se manifestou sobre o naufrágio e o classificou de tragédia, em postagem no perfil que mantém no Twitter.
"Dirijo meus pensamentos aos inúmeros desaparecidos e feridos, vítimas dos traficantes criminosos, que exploram o desespero e a miséria dos imigrantes", escreveu.
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, se dirigiu para Calais para acompanhar os trabalhos das autoridades locais e equipes de resgate. De acordo com a autoridade marítima local, três helicópteros e três navios participavam dos trabalhos de busca.
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu a outros mandatários europeus um reforço imediato dos recursos da agência Frontex nas fronteiras externas da UE e uma reunião de emergência dos ministros responsáveis pelo desafio migratório.
"A França não vai permitir que o Canal se torne um cemitério. As redes de tráfico põem em perigo vidas e desafiam quem somos. Devemos isso às vítimas, aos órfãos, às famílias", afirmou o chefe de Estado.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, se disse "chocado, indignado e profundamente triste" com o ocorrido, afirmando querer fazer mais com a França para impedir as travessias ilegais no Canal da Mancha.
"Tivemos problemas para convencer alguns de nossos parceiros, especialmente os franceses, a agir de acordo com a situação", afirmou Johnson à rede Sky News após uma reunião de crise.
Na semana passada foi desbaratada uma rede de tráfico de imigrantes no Canal da Mancha, com a prisão de 15 pessoas. Na região, é grande o fluxo de pessoas originárias do Afeganistão, de Bangladesh e de Eritreia, entre outros países.
jps/as (Efe, AFP, ots)