Apesar de desligar reatores, Alemanha exporta mais energia do que importa
2 de abril de 2013A decisão do governo alemão de fechar, aos poucos, suas usinas nucleares – tomada após o acidente de Fukushima, em março de 2011 – não atrapalhou a produção de eletricidade no país. Pelo contrário. Com investimentos em fontes de captação renováveis e leis de apoio ao setor, a balança de energia importada e exportada teve saldo positivo de 22,8 TWh (terawatts-hora) no ano passado, quase quatro vezes maior que os 6 TWh registrados em 2011 e o equivalente a 1,4 bilhão de euros para os cofres alemães.
Nos últimos dois anos, a Alemanha desligou oito dos 22 reatores nucleares que possui – os demais deverão ser desativados até 2022. Mesmo assim, os níveis gerais de produção de eletricidade foram mantidos. No ano passado, a quantidade de energia renovável gerada cresceu 23% em comparação com 2011. Só a partir dos cerca de 1,3 milhão de sistemas fotovoltaicos espalhados pelo país, foi gerada energia elétrica para 8 milhões de casas em 2012.
Segundo o relatório divulgado nesta terça-feira (02/04) pelo Escritório Federal de Estatísticas alemão, o país exportou 66,6 TWh (1TWh equivale a 1 bilhão de quilowatts-hora) e importou 43,8 TWh no ano passado, a maior diferença desde 2008, quando houve um saldo positivo de 22,9 TWh.
Entre os principais consumidores da energia alemã estão Holanda, Áustria e Suíça, que juntos correspondem a mais de 50% das exportações. Já os principais exportadores de energia para a Alemanha são Franca, Dinamarca e República Tcheca.
Apesar dos números positivos, a Alemanha ainda enfrenta dificuldades para mudar a matriz energética. No inverno, a oferta de energias alternativas diminui, e o país fica mais dependente da produção de eletricidade a base de gás e carvão, ambos prejudiciais ao meio ambiente. Além disso, as tecnologias para armazenamento de energia renovável ainda são incipientes.
Decidir mudar a matriz energética do país, além disso, vem pesando no bolso do consumidor. Desde o começo de 2013, a energia está mais cara para os alemães. O preço de cada quilowatt-hora aumentou 47%. Ao considerar o orçamento de uma família de três pessoas, a energia elétrica custará, em média, cerca de 185 euros a mais por ano.
FA/ ap/ afp/ rtr