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Apito final para o Estádio Olímpico de Munique

Geraldo Hoffmann13 de maio de 2005

Depois de 33 anos e 1161 partidas, termina a história do Estádio Olímpico de Munique como palco de futebol. Equipe do Bayern combina despedida do "monumento à modernidade" com festa do título de campeão alemão.

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Cobertura do estádio lembra teia de aranhaFoto: Nr.415 - Aerobild - FVA-muc

O Bayern de Munique, dos brasileiros Lúcio e Zé Roberto, disputa neste sábado (13/05) seu último jogo em casa pelo Campeonato Alemão no Estádio Olímpico de Munique. A partir da próxima temporada, a equipe joga no novo estádio, o Allianz Arena. Apesar der ser regada com o chope da conquista do título de 2005, a despedida do Bayern de seu velho palco gera uma certa nostalgia entre cronistas esportivos da Alemanha.

"Agora, o Estádio Olímpico de Munique transforma-se na mais bela ruína do mundo. Ficam para trás 57 mil cadeiras vazias e quase 12 mil lugares para torcedores em pé numa elegante elipse. No meio, um gramado selvagem, as linhas apagadas, as traves abandonadas. Ao redor, arquibancadas suavemente inclinadas, num misto entre teatro grego e antena parabólica. E, cobrindo as cadeiras, algo flutuante, pouco mais do que uma pele, a cobertura de vidro acrílico preso a uma rede de cabos de aço, obra dos arquitetos Günter Behnisch e Frei Otto", escreve Oliver Herwig, em crônica publicada pelo jornal Frankfurter Rundschau.

Sinônimo de democracia

O Münchener Olympiastadium provocou muita polêmica, desde antes da sua construção para os Jogos Olímpicos de 1972. Projetado como contraponto às estruturas pesadas do Estádio de Berlim construído pelos nazistas, ele era, para muitos, o sinônimo da nova Alemanha, uma democracia transparente e república cosmopolita. Seus telhados, parecendo teias de aranha cintilantes, são mundialmente conhecidos. A última discussão foi desencadeada por projetos de modernização, para torná-lo mais adequado aos jogos da Copa 2006, trazendo os torcedores para mais próximo do gramado. Não houve consenso para a remodelação.

Agora, segundo Herwig, o estádio construído para o atletismo caiu "na armadilha do impedimento da modernização e volta a ser o que sempre foi: um monumento à modernidade, belo, infinitamente grande e difícil de encher com conteúdo".

Talvez, por isso, já se planeje instalar ali a maior tela de cinema a céu aberto do mundo. O estádio deve virar palco para o cinema como megaevento, trampolim para novas bandas, gigantesca sala para jogos e festas. Em 25 de junho de 2005, servirá de palco também para a maior produção mundial de ópera: Turandot, de Puccini.

As crônicas de despedida também não deixam de mencionar um dos momentos mais tristes, ligados à história do estádio de Munique: o ataque terrorista à equipe olímpica israelense, durante os jogos em que foi inaugurado, o que abalou a alegria das competições.

Decadência do futebol

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Teste de luz no novo estádio Allianz Arena, em Fröttmaning, perto de MuniqueFoto: dpa

Na Copa de 2006, não haverá mais jogos no Estádio Olímpico de Munique, mas certamente muitos torcedores o visitarão só para ver o show de arquitetura. Não que a nova uma nova arena do futebol que os dois clubes da capital bávara – o Bayern e o 1860 Munique (no momento, na Segunda Divisão) – construíram às portas de Munique, em Fröttmaning, não seja bonita. O novo estádio, onde será disputada a final da Copa, é o melhor palco imaginável para o futebol, dizem os peritos. Mas num ponto, criticam os puristas, ele contrasta negativamente com o velho estádio: o nome Allianz Arena (devido à seguradora que ajudou a financiar o projeto) é interpretado como um sinal de decadência do futebol, a entrega do esporte ao poder de impérios econômicos, em moda não só na Alemanha.