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Encontro em Cannes

2 de novembro de 2011

A instabilidade na Grécia e as consequências para a zona do euro serão tratadas pelos líderes das 20 maiores economias do mundo em Cannes. Encontros na véspera buscaram afinar discurso para acalmar os mercados.

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Líderes do G20 reúnem-se em Cannes
Líderes do G20 reúnem-se em CannesFoto: picture-alliance/dpa

Conhecida pelo glamour, pela bela costa e por seu festival internacional de cinema, a cidade de Cannes, na França, recebe nos próximos dois dias os líderes das 20 maiores economias do mundo, que discutirão os rumos da economia global.

Temas anteriormente pautados para o encontro – como o desenvolvimento global da economia, a reforma do sistema monetário internacional e a regulação do sistema financeiro – darão lugar a declarações para acalmar os mercados, apreensivos desde o anúncio de um referendo na Grécia para aprovação do pacote europeu de ajuda ao país.

A tensão nos mercados aumentou nesta terça-feira (1º/11), após o primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, ter anunciado a realização de uma consulta popular para buscar a aprovação dos eleitores ao pacote de 130 bilhões de euros e às condições impostas pela zona do euro.

O porta-voz do governo dos Estados Unidos, Jay Carney, afirmou que a situação da Grécia será um tema central das discussões em Cannes e novamente cobrou ações dos europeus para que resolvam a crise. Antes do início oficial do encontro do G20, nesta quinta-feira, o presidente norte-americano, Barack Obama, deve se reunir com a chanceler federal alemã, Angela Merkel.

Papandreou vem sendo pressionado por Merkel e pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, a implementar o quanto antes as medidas necessárias para enfrentar a crise da dívida que atinge o país. Dependendo do resultado da decisão popular, a Grécia poderá deixar a zona do euro e decretar default, o que colocaria em cheque a credibilidade da economia do bloco.

Merkel e Sarkozy buscam acalmar mercados
Merkel e Sarkozy buscam acalmar mercadosFoto: dapd

Mais esclarecimentos

Já nesta quarta-feira, líderes europeus começaram a afinar o discurso. Merkel enfatizou que quer "mais esclarecimentos" de Papandreou. Os europeus também querem saber exatamente quando deverá ser realizado o referendo e o que será perguntado à população. Segundo Atenas, a consulta popular deve ocorrer em dezembro ou janeiro.

Merkel e Sarkozy encontraram-se com os líderes das principais instituições europeias e com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para discutir como minimizar os prejuízos trazidos pela decisão grega e forçar uma saída rápida para a situação. Ambos teriam ficado irritados com o colega grego por não terem sido informados sobre o referendo.

"Em nome do interesse comum europeu, a Alemanha preferiria que o governo grego tivesse informado esta decisão aos governos alemão e de outros parceiros europeus", disse Steffen Seibert, porta-voz do governo de Berlim.

Apesar da pressão, Papandreou tem se declarado confiante. Com o referendo, a "Grécia enviará uma clara mensagem para dentro e para fora do país sobre nosso engajamento europeu e nossa adesão ao euro", informou o chefe de governo em nota emitida em Atenas. Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro se submeterá a um voto de confiança no Parlamento.

Papandreou está confiante em referendo
Papandreou está confiante em referendoFoto: dapd

Recursos suspensos

É possível que a Grécia não receba até meados de dezembro a injeção urgente de recursos no valor de 8 bilhões de euros, aprovada na semana passada, para que se mantenha solvente. Investidores querem ter certeza de que o país irá se comprometer a cumprir o programa de austeridade que faz parte do acordo. Com isso, o dinheiro pode ser liberado somente após o referendo.

Na semana passada, além de acertarem um novo pacote de ajuda de 130 bilhões de euros à Grécia, os líderes da zona do euro haviam convencido os principais bancos do bloco a perdoarem 50% da dívida da Grécia. Em troca, o país teria que implementar duras medidas de austeridades e aceitar uma maior ingerência internacional.

"Enquanto o resultado deste referendo não for conhecido, uma proposta concreta do governo grego para o negociação da dívida é um tanto quanto sem sentido", afirma Michael Kemmer, que lidera a Federação alemã de Bancos Privados.

MSB/rte/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer