Apática, Alemanha perde e está fora da Copa
27 de junho de 2018O que parecia improvável depois da vitória nos acréscimos contra a Suécia aconteceu – a Alemanha está eliminada da Copa do Mundo de 2018. A Nationalelf dependia somente de suas próprias forças, mas a derrota de 2 a 0 para a Coreia do Sul, nesta quarta-feira (27/06), em Kazan, sacramentou o fiasco. O maior da história da seleção alemã, que, pela primeira vez, não supera a fase de grupos num Mundial.
Toni Kroos, que deu à Alemanha sobrevida no torneio com um gol aos 50 minutos do segundo tempo contra a Suécia, foi indiretamente o vilão contra a Coreia do Sul. Foi do meia do Real Madrid o passe para Kim Young-gwon abrir o marcador já nos acréscimos. A Coreia do Sul ainda aproveitou o desespero da Alemanha, e Son Heung-min teve o gol vazio para enterrar de vez as esperanças alemãs.
Com três pontos no Grupo F, a Alemanha ficou em último no grupo, deu adeus ao sonho de alcançar o pentacampeonato mundial e, consequentemente, não conseguiu evitar um fiasco que tem se repetido com frequências nos últimos Mundiais – a eliminação de um atual campeão já na fase de grupos.
Nas quatro Copas anteriores, apenas o Brasil, em 2006, superou a primeira fase como detentor do título: em 2002, a França sucumbiu perante Dinamarca, Senegal e Uruguai; em 2010, a Itália alcançou a façanha de não vencer Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia; em 2014, a Espanha foi superada por Holanda e Chile.
Neste torneio, o mundo viu um Joachim Löw diferente, com um semblante menos tranquilo. Por outro lado, o treinador da seleção alemã se mostrou mais arrojado, com a promoção de diversas mudanças no time titular – em parte por insatisfação pelo rendimento da equipe, mas também porque não conseguiu encontrar a formação ideal. E novamente o time não rendeu.
Para o duelo decisivo com a Coreia do Sul, Löw promoveu cinco alterações em relação à vitória heroica contra a Suécia – quatro por questões táticas e técnicas e uma por necessidade. Mats Hummels, que se recuperou de um desconforto nas costas, e os questionados meias Sami Khedira e Mesut Özil retornaram ao time titular, enquanto Löw optou por Niklas Süle no lugar do suspenso Jérôme Boateng e surpreendeu ao barrar Thomas Müller em detrimento de Leon Goretzka.
A substituição de Müller carrega o tom de ser uma medida similar àquela tomada contra Khedira e Özil – um aviso, uma tentativa de chacoalhar o jogador e mostrar a ele que as conquistas do passado não são garantias de titularidade. Pela primeira vez desde sua estreia pela Nationalelf, Müller iniciou um jogo de Copa do Mundo no banco de reservas – em 2010, ele perdeu a semifinal contra a Espanha por suspensão. Müller é o melhor marcador em atividade nesta Copa, com 10 gols.
Como nas duas partidas anteriores, a Alemanha teve nitidamente mais posse de bola do que o adversário. Mas, novamente, os comandados de Löw tiveram dificuldades em acelerar jogadas e criar oportunidade de gol.
Para uma seleção que precisava ganhar por no mínimo dois gols de diferença para não depender do resultado de Suécia e México, a Alemanha iniciou a partida pouco incisiva e bem conservadora – encontrou mais espaços, principalmente pelo flanco direito, e marcou mais presença na área sul-coreana nos 15 minutos finais do primeiro tempo.
As alterações de Löw se mostraram injustificadas. Khedira não comprometeu, mas também foi pouco participativo. Özil, novamente, sem brilho, sem criatividade e com pouca dinâmica. E Goretzka fez o básico pela direita, mas certamente não causou grandes preocupações para a retaguarda sul-coreana.
Hummels e Süle são os únicos atletas que tiveram um desempenho aceitável. Hummels, por sinal, pode ser considerado o melhor em campo, com intervenções providenciais e uma atuação bastante segura. Mas, no final das contas, a eliminação estava anunciada pela preparação caótica e merecida pelo desempenho apresentado nos três jogos nesta Copa.
O jogo
O primeiro tempo teve poucas finalizações, mas uma soberania absoluta da Alemanha na posse de bola. O primeiro lance de maior perigo ocorreu aos 13 minutos, quando Goretzka recuperou a bola no campo de ataque e não viu Timo Werner, completamente isolado do outro lado da grande área. O cruzamento rasteiro foi cortado pela defesa sul-coreana.
As restantes oportunidades de maior relevância foram da Coreia do Sul. Aos 18 minutos, Jung Woo-young cobrou falta com veneno, e Manuel Neuer quase engoliu um frango, mas mostrou reflexos para salvar a Alemanha. Poucos minutos depois, o craque sul-coreano Son Heung-min acertou um voleio dentro da área, mas isolou a bola.
Nos últimos 15 minutos, a Alemanha marcou mais presença na área adversária. Werner e Hummels tiveram lances que podem ser considerados chances, mas, no cômputo geral, os torcedores na Arena Kazan não foram contemplados com uma boa partida de futebol.
A segunda etapa começou mais corrida, mas logo ganhou contornos dramáticos, porque a Suécia abriu o marcador contra o México no jogo paralelo. Aos 2 minutos, Goretzka cabeceou livre dentro da pequena área para grande defesa do goleiro Cho Hyun-woo. Aos 5 minutos, Werner finalizou rente ao poste. No lance seguinte, Son esteve cara a cara com Neuer, mas adiantou demais a bola.
Löw colocou Mario Gómez e Müller nos lugares de Khedira e Goretzka. Mas a troca de peças não alterou a atitude da Nationalelf – letárgica, lenta e sem ideias. Os jogadores alemães pareciam desinteressados, embora com a vitória ampla da Suécia contra o México apenas um gol bastava para a Alemanha se classificar. Hummels ainda teve uma chance de ouro, aos 43 minutos.
O golpe final foi dado por Kim Young-gwon já nos acréscimos, com a intervenção correta do árbitro de vídeo (VAR). A arbitragem assinalou impedimento do sul-coreano, mas as imagens mostraram que o passe veio de Kroos. Na sequência, até Neuer foi ao campo de ataque, e a estrela sul-coreana Son aproveitou um descuido e tocou para o gol vazio.
Com a derrota alemã, o México garantiu a classificação apesar da derrota por 3 a 0 para a Suécia. Os escandinavos terminaram em primeiro lugar e enfrentarão o segundo colocado do grupo do Brasil.
Ficha técnica
Coreia do Sul 2 x 0 Alemanha
Local: Arena Kazan, em Kazan
Arbitragem: Mark Geiger (EUA), auxiliado por Joe Fletcher (Canadá) e Frank Anderson (EUA).
Gols: Kim Young-gwon (46'/2T) e Son Heung-min (49'/2T)
Cartões amarelos: Jung Woo-young (9'/1T), Lee Jae-sung (22'/1T), Moon Seon-min (3'/2T), Son Heung-min (19'/2T)
Coreia do Sul: Cho Hyun-woo; Lee Yong, Yun Young-sun, Kim Young-gwon e Hong Chul; Lee Jae-sung, Jung Woo-young, Jang Hyun-soo e Moon Seon-min (Joo Se-jong 24'/2T); Koo Ja-cheol (Hwang Hee-chan 11'/2T – Go Yo-han 34'/2T) e Son Heung-min. Técnico: Shin Tae-yong.
Alemanha: Manuel Neuer; Joshua Kimmich, Niklas Süle, Mats Hummels e Jonas Hector (Julian Brandt 33'/2T); Sami Khedira (Mario Gómez 13'/2T) e Toni Kroos; Leon Goretzka (Thomas Müller 18'/2T), Mesut Özil e Marco Reus; Timo Werner. Técnico: Joachim Löw.
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