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Armênios processam bancos alemães

(gh)15 de janeiro de 2006

Descendentes das vítimas do massacre de armênios pelo Império Otomano cobram devolução e bens do Deutsche Bank e Dresdner Bank. Massacre de 1915 é assunto polêmico na Alemanha.

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Sede do Dresdner Bank em FrankfurtFoto: dpa

Quatro famílias de descendência armênia, residentes nos Estados Unidos, entraram com processo coletivo na Justiça de Los Angeles para cobrar indenizações do Deutsche Bank e do Dresdner Bank, informa o jornal Die Welt, em sua edição deste fim de semana. Na Califórnia, vivem cerca de 500 mil armênios, o maior contingente fora de seu país de origem.

Segundo o advogado do grupo, Brian Kabareck, os dois bancos alemães não teriam repassado aos descendentes o dinheiro e os bens que as vítimas do massacre armênio de 1915 tinham nos cofres das instituições. Em parte, esses recursos teriam sido transferidos ao Império Otomano, do qual se originou a atual Turquia.

"Esse é um processo fundamental, destinado a chamar a atenção para o genocídio. Para os armênios, é importante que o genocídio seja reconhecido nos EUA e na Turquia", disse Kabareck à agência de notícias AFP.

Precendentes

Não se trata do primeiro processo do gênero. No ano passado, os armênios teriam conseguido, através de acordos extrajudiciais, o pagamento de 37,5 milhões de dólares a título de indenização. A seguradora francesa Axa teria pago 17 milhões de dólares; o grupo norte-americano New York Life, outros 20 milhões de dólares.

Kabareck disse que o valor do atual processo ainda não foi fixado, "mas pode chegar à casa dos bilhões". Ele explicou que espera ter acesso aos arquivos dos bancos para então definir o valor.

O advogado Mark Geragos disse à agência de notícias Reuters que os armênios tentaram em vão, durantes décadas, obter a devolução do dinheiro. "O erro dos bancos ficou evidente, há pouco tempo, com novos achados em arquivos nos EUA e na Turquia. Os bens dos armênios confiscados pelos turcos foram transferidos para bancos de toda a Europa. A propriedade roubada serviu ao governo turco para financiar seus gastos com a guerra", afirmou.

Assunto polêmico

Gedenken an Völkermord in Armenien
Vítimas do massacre foram lembradas em 2005Foto: AP

Durante o genocídio na Armênia, que à época pertencia ao Império Otomano – Estado antecessor da Turquia –, teriam sido massacradas 1,5 milhão de pessoas. Por um decreto de 1916, todos os bens dos armênios teriam sido confiscados pelo governo turco. Grande parte do dinheiro teria sido depositado em bancos alemães.

Um porta-voz do Deutsche Bank, contatado pela Reuters, negou-se a comentar o processo nos EUA. Também o Dresdner Bank ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Em meados do ano passado, o massacre dos armênios gerou polêmica na Alemanha, onde vivem mais de 2,5 milhões de turcos. Em junho de 2005, o Parlamento alemão aprovou uma resolução, conclamando o governo turco a revisar o passado do país. A resolução esquentou também o debate sobre o ingresso da Turquia na União Européia, um assunto que divide os alemães.