Arquiteto do Brexit renuncia como assessor de Boris Johnson
14 de novembro de 2020Dominic Cummings, o controverso assessor do primeiro-ministro britânico Boris Johnson, cessou funções nesta sexta-feira (13/11), após dias de rumores sobre seu futuro, em seguida a uma luta por influência de uma facção ligada à campanha do Brexit, dentro do governo.
Uma fonte oficial do governo confirmou a notícia, já avançada antes por vários meios de comunicação social e sugerida pela saída de Cummings do número 10 da Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro, levando uma caixa onde alegadamente estariam seus pertences.
O assessor dissera à emissora BBC, na quinta-feira à noite, que pretendia deixar o cargo até ao Natal. Porém durante o dia sua saída continuou a ser notícia e motivo de comentários de vários deputados do Partido Conservador, críticos da excessiva influência de Cummings sobre Boris Johnson.
Cummings é considerado o arquiteto da campanha que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia e o autor do slogan "Get Brexit done", que garantiu maioria absoluta aos conservadores nas eleições gerais de dezembro de 2019.
Ele se tornou o assessor com mais poder dentro do Executivo, decidindo muitas vezes quem tem acesso ao premiê, marginalizando deputados e até outros membros do próprio governo. Contudo ficou enfraquecido no início de 2020, quando foi revelado que tinha conduzido centenas de quilômetros até ao norte de Inglaterra após contrair covid-19, violando as regras de confinamento nacional.
A saída foi possivelmente acelerada após a demissão, na quarta-feira, de um de seus aliados mais próximos, o diretor de comunicações, Lee Cain, que, segundo a imprensa britânica, pretendia ser promovido a chefe de gabinete de Johnson.
Notícias com base em fontes anônimas descrevem uma luta de poder entre um grupo de assessores governamentais que trabalharam na campanha do referendo que ditou o Brexit, em 2016, e a liderança do Partido Conservador.
Bernard Jenkins, presidente de uma influente comissão parlamentar, classificou a saída de Cummings como uma oportunidade para Johnson "redefinir como o governo funciona".
"Eu sugeriria que três palavras precisam se tornar palavra de ordem em Downing Street: respeito, integridade e confiança. E certamente na relação entre a máquina de Downing Street e o grupo parlamentar tem havido uma sensação muito forte de que isso tem faltado nos últimos meses", resumiu Jenkins.
Para Gavin Barwell, ex-chefe de gabinete de Theresa May, comentou no Twitter que Boris Johnson teria agora "a oportunidade de criar uma operação mais harmoniosa e eficaz em Downing Street, melhorar as relações com o grupo parlamentar e liderar um governo menos conflituoso e mais unificador".
AV/lusa,dw